"Guelra: Grand Danois" homenageia o grandioso dogue alemão numa experiência imersiva.
Na passada sexta-feira, dia 30 de novembro, o gnration contou com a atuação de dança contemporânea do coreógrafo Peter Michael Dietz. Reconhecido pelo seu talento único e expressividade desigual, o dançarino e professor dinamarquês ofereceu ao público uma experiência diferente e interativa em que aborda os vários sentidos.
“Guelra: Grand Danois” é uma apresentação criada com o propósito de explorar esta raça de cão: dogue alemão, em português. Este ser imponente é admirado pelo artista e é homenageado através dos seus movimentos e da paisagem sonora produzida ao vivo pela artista bracarense Inês Malheiro.
Dietz estabeleceu o tom peculiar da performance desde logo, ao sair da sala onde esta decorreu logo a seguir para ir buscar o público ao corredor. Peter sai da sala a andar sobre os 4 membros, imitando o cão a quem dedica a obra, e pede ao público que o faça também. Justificou-se dizendo que a sala era um ambiente “muito frágil” e qualquer um que lá entrasse “precisa de ser muito cuidadoso”.
Não mentiu, já que, assim que entrou na sala, o público foi confrontado com um espaço totalmente coberto de plástico. No chão, atrás de uma das camadas de plástico que criam divisórias na sala, estão espalhados balões brancos e pretos. O artista rebenta alguns deles durante a sua dança, mas a maioria serve meramente de adereço à sua coreografia interpretativa e multidimensional.
Entre mudanças de roupa, de cenário, de luz e de tom, ao longo da performance, Peter usou todo o espaço e elementos dos quais dispôs, mas sempre cingido aos movimentos do cão e às suas características mais admiráveis. Pintou as paredes da sala com tinta preta que despejou sobre si e chegou a rasgar, com as próprias mãos, as três camadas de plástico que agem como barreira entre ele e o público. Praticamente no final, dirigiu-se a este. Interagiu com as pessoas, nunca com palavras mas sim com o toque, tornando-as, mais uma vez, parte da experiência.
Peter Michael Dietz continua a inovar no mundo da arte performativa. Usa a técnica “release”, a gravidade e o impulso para facilitar o movimento eficiente. Prova que a dança é uma expressão multifacetada que pode ser usada como fonte libertadora e que o movimento do corpo exprime muito mais do que as palavras.