Foge é um filme de terror e suspense psicológico dirigido por Jordan Peele, lançado em 2017. Foi elogiado tanto pela crítica como pelo público, conquistando o Óscar de Melhor Roteiro Original.

Num momento inicial, o protagonista Chris Washington, um jovem negro, prepara-se para conhecer a família da namorada, concordando em passar uns dias na casa deles.  À primeira vista, Chris interpreta o comportamento excessivamente complacente da família como uma tentativa nervosa de lidar com o relacionamento inter-racial da filha. No entanto, à medida que o fim de semana avança, uma série de descobertas cada vez mais perturbadoras conduzem-no a uma verdade que ele nunca poderia ter imaginado.

O filme adota um formato satírico, destacando-se pela sua exploração corajosa e perspicaz das questões sociais e raciais, nos Estados Unidos. Ao abordar temas como a apropriação cultural, discriminação racial e exploração de estereótipos, a obra proporciona uma narrativa que transcende o convencional género de terror.

As personagens são cuidadosamente desenvolvidas, com camadas complexas e diversas, destacando-se o protagonista. A abordagem das suas experiências como um homem negro numa comunidade predominantemente branca é fundamental para a força narrativa do filme. Assim, através da perspectiva de Chris, é-nos possível vivenciar e ser tocados pelas circunstâncias que enfrenta.

Jordan Peele demonstra a sua destreza como realizador, ao criar uma atmosfera tensa e desconfortável que atravessa todo o filme. A seleção de cenas e a direção dos atores contribuem para uma experiência cinematográfica envolvente e, para os espetadores mais sensíveis, perturbadora. Somos levados numa jornada arrebatadora, sem saber o que irá acontecer, com reviravoltas que surpreendem até aos últimos minutos do filme.

Posto isto, Foge, ao conjugar a sátira, oferece uma crítica cultural e política sobre as relações raciais. A atmosfera melancolicamente aterrorizadora reflete os sentimentos daqueles que são alvo desses preconceitos, redefinindo o género do terror. Ao entrelaçar elementos de horror, sátira e comentário social, o filme destaca-se como uma peça notável e revolucionária no cinema contemporâneo.