Após mais de 8 anos do começo da sua carreira, Bad Gyal lança finalmente o seu álbum debut. La Joia, catalão para “a joia”, mistura ritmos desde Espanha às Américas. Conta com colaborações com Anitta, Myke Towers, Morad, Quevedo e Tokischa.
La Joia foi anunciado pela cantora catalã pelos inícios de 2023, onde aparece a dominar um estilo musical muito associado ao género masculino, o reggaeton urbano. Bad Gyal exala sensualidade ao mesmo tempo que brilha como uma joia cintilante. Diferencia-se dos demais pelo seu estilo, quase indescritível, de cantar e fazer rap. “Mi Lova” é o primeiro single do álbum, seguido da “Intro”. A música com Myke Towers é um reggaeton bastante mais calmo que o normal. Parece a música perfeita para ir a cantar numa viagem de carro. Uma vez que a música foi lançada em julho de 2023, a sua musicalidade combina bastante com o verão. A voz sensual da catalã contrasta de uma forma especial com a voz característica e mais rouca do porto-riquenho.
O álbum segue com “Give Me”. A faixa segue também a mesma musicalidade da anterior. Sente-se bastante de verão. Em “Bota Niña”, Bad Gyal aventura-se pelos ritmos brasileiros. A música conta com a participação de Anitta e a produção de DJ Gabriel do Borel, reconhecido por funks de sucesso como “Funk Rave” e “sentaDONA (Remix)”. A combinação de estilos nesta faixa foi essencial para o produtor: “Ela me pediu para fazer um brega funk, e eu dei a ideia de fazer uma mistura com o reggaeton, e fizemos bregaton” – em entrevista à Billboard Brasil.
A “amante de auto-tune”, como a apelida o The Guardian, põe a sua alcunha em uso em “Perdió Este Culo”. A verdade é que sem esta ferramenta, as músicas de Bad Gyal não seriam as mesmas. O auto-tune já faz parte da sua imagem de marca. Entre os ritmos do reggaeton, a cantora faz questão que o seu ex saiba o que está a perder – o seu rabo. O videoclipe conta com uma coreografia da cantora no que parece ser uma discoteca.
“Chulo pt.2” está também presente no álbum, como não poderia deixar de ser, visto que é a música com mais streams da cantora – junta mais de 250 milhões. Esta versão da música não é a original, trata-se do remix com Tokischa e Young Miko. A música rapidamente passa de ser sobre um homem atrativo para se tornar num hino feminista e LGBTQ+ com a participação das rappers. A música foi, e ainda é, um êxito. Foi certificada com disco de platina latino nos Estados Unidos e esteve presente várias semanas na Billboard Global 200.
Quando chega a faixa “Sexy” o lado pop da cantora vem ao de cima. Trata-se de uma música mais dançável e dance-pop. É a música perfeita para cantar em frente ao espelho antes de sair para dar um boost de confiança. Juntamente com Quevedo surge o feat “Real G”, uma música mais virada para o rap latino. A faixa foi lançada em dezembro de 2022 e obteve grandes resultados em Espanha. Alcançou o 12º lugar nas paradas do país e obteve um certificado de platina.
Definitivamente a essência de Bad Gyal é encontrada neste álbum e acaba por ser o seu projeto mais completo. Vários estilos de música são apresentados neste álbum, assim como vários featurings. Apesar disso, o projeto deixa um pouco a desejar, principalmente quando comparado às suas anteriores mixtapes. Bad Gyal poderia ter ido mais longe. Por vezes, o álbum não tem bem uma conexão entre si e acaba por parecer ter apenas músicas soltas que não fazem bem parte de um projeto coeso.
O que é facto é que agora Bad Gyal já não é uma artista underground e desconhecida, mas sim uma artista mainstream. Tendo isso em conta, o disco apresenta-a de uma forma mais plural para todos os públicos e é o que é esperado de uma artista contratada por uma das maiores gravadoras globais, a Universal Music.