O debate político contou com a presença dos cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Braga dos partidos políticos Pessoas - Animais - Natureza (PAN), LIVRE, Bloco de Esquerda (BE) e da representante por Viana do Castelo da Iniciativa Liberal (IL).

O debate político promovido pela Society Loving The Planet Minho decorreu esta quinta-feira no Complexo Pedagógico II da Universidade do Minho. Contou com a presença dos cabeça de lista por Braga Bruno Maia (BE), Rafael Pinto (PAN) e Teresa Mota (LIVRE) e da cabeça de lista por Viana do Castelo Marta Von Fridden (IL).

O debate ficou marcado por duas perspetivas distintas com um dos lados do espectro a defender a iniciativa privada e a oposição a apoiar a intervenção pública do Estado. A visão da IL quanto à possibilidade de equilibrar o crescimento económico com a sustentabilidade passa pela “força criativa de empreendedorismo e liberdade para agir”. A cabeça de lista,« Marta Von Fridden acredita na “bondade do ser humano” e reforçou que a resposta à crise climática se encontra nos jovens.

Já a intervenção de Bruno Maia, número um pela lista candidata do BE, defendeu uma ação imediata e soluções concretas e eficazes. O Bloco acredita que as consequências das alterações climáticas “são desiguais” tanto nos que as provocam como naqueles que sofrem com elas. Bruno Maia criticou as COP (Conferência das Partes) e caracterizou-as como uma “caricatura” que provoca “desesperança nas populações”. Nesse sentido, o BE propõe olhar para “a raiz do problema” e “intervir nos meios e modos de produção”.

O PAN, por sua vez, alerta para a falta de alarmismo e “vontade de resolver” o problema das alterações climáticas. Rafael Pinto demonstrou-se preocupado com a falta de empresas sustentáveis sistemáticas e com a recorrente “vontade de lucro”. O cabeça de lista não descarta a necessidade de ação por parte dos políticos, empresas e cidadãos, mas realça a importância de começar nas políticas externas. Defende uma transição ecológica “justa”.

Teresa Mota, cabeça de lista do LIVRE, começou por definir a perspetiva do partido como uma “perspetiva ecológica de esquerda”. O Livre defende uma saída do modelo de desenvolvimento económico atual, “baseado num crescimento contínuo com orientação ao lucro” e exploração de recursos. Teresa Mota salienta um novo modelo de cooperativismo que “respeita os limites do planeta e tem em conta as suas dinâmicas”. Como ataque à direita, a cabeça de lista referiu que “o Estado tem o seu papel” e “não é a iniciativa privada que vai salvar a população da emergência ecológica”.

Marta Von Fridden realçou o tecido empresarial português que se encontra repleto de “micro empresas sufocadas por cargas fiscais” e, em resposta, os cabeças de lista pelo PAN e pelo Livre identificaram a intervenção do Estado como solução. A representante da IL criticou ainda o grande entrave à entrada de novos licenciamentos que podem trazer projetos com melhores políticas de sustentabilidade. Bruno Maia, em contrapartida, referiu os “projetos turísticos prejudiciais” que surgiram a partir da reforma e simplificação dos licenciamentos ambientais.

O cabeça de lista referiu ser evidente “que consumos privados e comportamentos pessoais não são eficazes”. Por isso, defende um reforço das políticas globais e da intervenção no excesso de produção de CO2 por parte das grandes empresas. Na mesma linha de pensamento, Teresa Mota defendeu que as grandes empresas possuem um grande problema de “muito dinheiro e muito poder, que se encontra acima do poder político”. Rafael Pinto reforçou a ideia de que as soluções “têm muito mais impacto quando as medidas vêm de cima”.

Acrescentou que as escolhas individuais são importantes, “mas altamente condicionadas” e, por isso, pede uma maior força por parte do setor público. Os partidos de esquerda acreditam numa falta de vontade política de assumir o combate às alterações climáticas como prioridade.

O debate contou com sala cheia e perspetivas distintas no que toca ao combate ecológico. A Society Loving The Planet confirmou o convite aos restantes partidos, mas não obteve confirmação dos mesmos.