Os jornalistas universitários juntaram-se para a primeira edição do evento em Coimbra.

Começou ontem, dia 22 de março, o primeiro Encontro Nacional de Jornalismo Universitário (ENJU). O evento foi organizado por quatro jornais académicos: A Cabra (Universidade de Coimbra), o JUP (Universidade do Porto), o Diferencial (Instituto Superior Técnico de Lisboa) e o ComUM (UMinho). Tem como principal objetivo o convívio entre vários aspirantes a jornalistas e debate de conclusões importantes sobre o futuro dos órgãos de comunicação universitários.

A sessão de abertura teve início às 18.30h do dia 22 de março. Os diretores e representantes de cada jornal académico tiveram oportunidade de falar sobre cada projeto e dar as boas-vindas aos participantes. Por sua vez, o vice-reitor da Universidade do Coimbra, Delfim Leão, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, e o vice-presidente da Associação Académica da Universidade de Coimbra, André Ribeiro, tiveram momento para discursar e felicitar os alunos pela iniciativa.

A primeira manhã do evento contou com um painel com o tema: “Jornalismo Universitário – A sua fundação”. Os oradores José Albuquerque, fundador do Jornal A Cabra, Jorge Pedro Sousa, fundador do Jornal Universitário do Porto (JUP), e Tito Mendonça, fundador do Jornal Binómio, fizeram parte deste momento de conversa. José Albuquerque disse ser “necessário criar um espaço de união dos estudantes, onde se possa debater”, uma vez que, “as secções de jornalismo dão uma bagagem para a vida, dá para crescer pessoalmente”. Tornar um jornal independente, criar uma agenda, criar um estatuto editorial, etc. são alguns fatores apontados por Jorge Sousa. “O associativismo, o jornalismo são escolas de vida; pode-nos ensinar muitas coisas para a vida”, referiu o fundador do JUP. Por outro lado, Tito Mendonça fundou o Binómio nos anos 60, numa altura em que o fascismo e a censura eram uma realidade. “Nós próprios fazíamos autocensura com medo do que dizer e das suas consequências”, explicou o orador. Tito Mendonça identificou que o jornalismo tem como objetivo “ensinar a informar, e estabelecer e promover o debate”, algo que atualmente não acontece, “há medo de dar a opinião, não há crítica”. José Albuquerque referiu também que “não sabia fazer jornalismo, mas havia vontade de saber”.

No segundo momento, houve uma conversa sobre “Os desafios do Jornalismo Universitário Hoje”, que contou com a presença de Paulo Sérgio, jornalista da Revista Latina e ex-membro do jornal A Cabra, Diogo Faustino, jornalista do Diferencial – Politécnico de Lisboa, Filipa Silva, editora do Jornalismo Porto Net (JPN), e Camilo Soldado, jornalista do Público e ex-membro do A Cabra. Cativar a atenção do público, a motivação, a presença no online e o ser voluntário foram as dificuldades apontadas pelos oradores. Filipa Silva, no final da conversa, pediu a atenção dos participantes e avisou do “perigo das fontes acessíveis”, cair na facilidade é por vezes fechar a pluralidade de opiniões. Sugeriu ainda, a criação de uma newsletter entre os jornais académicos presentes, criar um jornalismo de proximidade.

Da parte da tarde, o evento conta com mais momentos de debate, três formações com os temas: “Fechar ou abril a profissão? A formação em Jornalismo”, “Dificuldades de acesso ao mercado de trabalho. A crise da precariedade”, “Transição digital -a extinção do papel e do analógico”. Para finalizar, vão realizar-se grupos de trabalho, visando a criação de uma moção que apresente medidas a implementar na profissão.

 

Editado: 24/03/2024