O jornalismo enfrenta hoje uma época de crise. Neste momento, a profissão torna-se pouco atrativa e desmotiva os jovens que queiram seguir esta área. Como estudante de Ciências da Comunicação, não passo um dia sem ouvir falar do estado precário do jornalismo. É desmotivante ouvir que não há trabalho, que não há disponibilidade salarial, que não há assinaturas suficientes, que não há compra e não há leitores de jornais. A desconfiança do público e a disseminação de notícias falsas prejudicam a credibilidade jornalística e geram um ambiente desafiador.

Atualmente, vemos a crise do grupo Global Media, dos salários em atraso, das demissões, das greves, da insegurança, do desalento por partes dos profissionais. Estes problemas afetam imensas redações e consequentemente muitos trabalhadores. Se não há condições de trabalho, de que forma é que se cativam jovens para esta área? Se a população se encontra desatenta e desinteressada pelo assunto, como é que o jornalista estará motivado a escrever?

Muita desta crise aumenta face ao desinteresse dos cidadãos. Não se podem esquecer que a comunicação social fornece a informação para a população. Há investimento, há trabalho, há pesquisa, há procura para conseguir que todos os dias haja informação relevante e verdadeira para o público ler. Mas as pessoas não assinam, as pessoas não compram, as pessoas não leem, as pessoas não ouvem.

Os problemas aumentam e a constante pressão para o imediatismo também. O desejo de ter novas notícias, de as lançar e de as publicar dominam o dia-a-dia de uma redação. É uma verdadeira luta contra o tempo. Sempre ouvimos que a pressa é inimiga da perfeição e por esse motivo devemos escrever um artigo com toda a informação confirmada e verídica. Os jornalistas devem consultar as suas fontes, devem fundamentar-se, mas são muitas vezes pressionados a que escrevam e apenas escrevam porque há necessidade de sair informação.

A envolvência neste ambiente leva-nos a pensar que soluções poderemos nós arranjar para tentar resolver esta situação. De que forma podemos ser mais impactantes, de que forma podemos cativar mais jovens a estudar e garantir-lhes que haverá oportunidade de fazer o que gostam. Mas que oportunidade temos nós agora? É difícil admitir que muitas das vezes pensamos mais sobre a estabilidade financeira sobreposta aos nossos objetivos. A paixão não consegue pagar as contas, o entusiasmo não compensa as despesas.

No dia 14 de março vai decorrer uma greve dos jornalistas. Nesse momento, vai se mostrar o descontentamento e lutar em tempos de crise. Acredito que há espaço para a esperança e mudança. A resiliência, a capacidade de adaptação, a inovação e o compromisso contínuo com a ética jornalística podem pavimentar o caminho para uma revitalização do jornalismo. Ver os ventos da mudança e que os jovens jornalistas possam enfrentar os desafios e moldar o futuro da comunicação. Que a paixão vença a desmotivação, que vença à precariedade.