A 96.ª edição dos Academy Awards ocorreu na noite deste domingo, dia 10 de março, no Dolby Theatre em Hollywood, Los Angeles. É a quarta edição apresentada pelo comediante Jimmy Kimmel e prometeu distinguir o melhor do cinema lançado em 2023, em 23 categorias. Os grandes vencedores foram Oppenheimer, Poor Things (Pobres Criaturas) e The Zone of Interest (A Zona de Interesse). É também a primeira edição após a grande greve que afetou Hollywood durante 120 dias.
O fenómeno Barbenheimer, derivado do lançamento sobreposto de Barbie e Oppenheimer, arrecadou 21 nomeações no total, competindo juntos em seis categorias, incluindo Melhor Filme. Foi nesta edição que Christopher Nolan finalmente recebeu o seu primeiro Óscar. O seu filme, Oppenheimer, conquistou estatuetas em sete categorias, incluindo as tão cobiçadas, Melhor Filme e Melhor Realizador. A longa-metragem também permitiu a Cillian Murphy ser galardoado como Melhor Ator, uma das principais categorias. E ainda, deu a Robert Downey Jr. a vitória como Melhor Ator Secundário.
A cantora Billie Eilish fez história e é agora a pessoa mais jovem a receber dois Óscares, com apenas 22 anos. A cantora foi reconhecida pela música What Was I Made for?, um dos grandes êxitos de Barbie. Juntamente com o seu irmão, Finneas, já tinham recebido um prémio na mesma categoria, Melhor Canção Original, por No Time to Die, da franquia do agente James Bond, 007.
Em contraste, Hayao Miyazaki é o vencedor mais velho na categoria de Melhor Filme de Animação, com 83 anos, graças a The Boy and the Heron (O Rapaz e a Garça). Semelhantemente, aos 91 anos, John Williams foi nomeado pela 54ª vez, com a sua indicação a Melhor Trilha Sonora por Indiana Jones and the Dial of Destiny (Indiana Jones e o Marcador do Destino). A cerimónia de 2024 foi marcada pelas tradicionais quebras de recordes. Martin Scorsese, com a sua décima nomeação para Melhor Realizador, tornou-se o diretor mais velho a ser nomeado nessa categoria, pelo seu trabalho em Killers of the Flower Moon (Assassinos da Lua das Flores).
No campo dos avanços pela população indígena, Lily Gladstone, nomeada pela sua interpretação em Killers of the Flower Moon (Assassinos da Lua das Flores) , tornou-se a primeira atriz indígena americana a ser nomeada. Além disso, as mulheres também obtiveram outras vitórias. Tal como, ter sido o quinto ano consecutivo com, pelo menos, um filme realizado por uma mulher na categoria Melhor Filme. Justine Triet foi a oitava mulher a ser nomeada na categoria Melhor Realizador.
Emma Stone conseguiu o seu segundo prémio na categoria de Melhor Atriz com Poor Things (Pobres Criaturas), do realizador Yorgos Lanthimos – o par já completou mais um filme, Kinds of Kindness. Para além de Stone, Poor Things arrecadou mais três estatuetas. O prémio de Melhor Atriz Secundária foi para Da’Vine Joy Randolph pela sua prestação em The Holdovers (Os Excluídos). No seu discurso a atriz partilhou: “Sempre quis ser diferente, e agora, reconheço que tenho apenas de ser eu mesma”.
Este ano a cerimónia iniciou com um leve atraso, devido aos protestos à saída do teatro. Centenas de pessoas reuniram-se para pedir um cessar-fogo do conflito Israelo-palestiniano, que também foi levado para dentro da cerimónia. Algumas figuras do cinema usaram pins de apoio a esta causa e o assunto também foi mencionado em certos discursos.
O realizador da longa-metragem vencedora em Melhor Filme Internacional, The Zone of Interest (A Zona de Interesse), passado no campo de concentração de Auschwitz, esclareceu a sua posição: “O nosso filme mostra onde a desumanização vai no seu pior”, continua: “Sejam as vítimas de 7 de outubro em Israel ou o ataque contínuo em Gaza, todos os afetados por essa desumanização – como resistimos a isso?”. A guerra na Ucrânia também foi ponto de conversa, “Os russos estão a matar dezenas de milhares dos meus compatriotas ucranianos”, disse Mstyslav Chernov, realizador do vencedor de Melhor Documentário com “20 Days in Mariupol”, acrescentando: “Eu gostava de nunca ter feito este filme. Eu gostava de poder trocar isso pela Rússia nunca ter atacado a Ucrânia, nunca ocupar as nossas cidades.”
Desde os fenómenos culturais até à tão aguardada vitória de Christopher Nolan, incluindo as mensagens de ativismo, os Óscares de 2024 não apenas celebraram o talento artístico. Como também, ecoaram o papel vital do cinema na compreensão da atualidade.