Faye Webster está de volta, com o seu quinto álbum de estúdio, intitulado Underdressed at the Symphony. Mais uma vez, a cantora surpreende os fãs com um álbum tão bom em termos de escrita quanto em aspetos técnicos.

Underdressed at the Symphony foi lançado no dia 1 de março de 2024. O disco introduz os temas do desgosto e da busca por uma cura, conforme vamos ouvindo as faixas.

Faye Webster cria um mar de géneros e inclui músicas indie, R&B, rock, folk e country. O disco começa com um instrumental suave, que mais tarde é acompanhado com a voz calma da cantora. Estes são os dois elementos que mais se destacam nesta viagem musical. O instrumental suave e os vocais abafados de Faye Webster criam uma sensação de intimidade, atraindo o ouvinte para a dor silenciosa da cantora. Em todas as faixas podemos encontrar uma certa simplicidade e vulnerabilidade, com a evocação de uma tristeza sem ser necessário recorrer a uma performance de melodrama.

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Um dos aspetos mais interessantes deste disco é o significado por trás do título. Este é usado como uma metáfora para expressar o que a cantora quer transmitir nas faixas que o incorporam. Webster descreve-se como “undressed” porque se sente deslocada na sua própria vida e à deriva. Esta palavra simboliza o seu estado e vulnerabilidade emocional. Com as palavras do título, cria-se um certo contraste entre a turbulência interna que sente e a formalidade do ambiente que a rodeia.

É um álbum que envolve vários subtemas, dentro do tema principal – o fim de um relacionamento. Dentro destes subtemas podemos nomear a maneira como Webster lida com a experiência desorientadora de um coração partido, a sua luta para encontrar a felicidade e a dor que as lembranças lhe causam, entre outros.

As melodias e a voz relaxante, contrastando com as letras incrivelmente pensadas e tristes, de alguma forma encaixam-se e diferenciam este álbum de qualquer outro. Webster tem um estilo tão descontraído e acolhedor que tudo parece estar no lugar certo.

As músicas no álbum conseguem ser gentis, porém fortes, os vocais pacíficos contêm, no entanto, muito poder e emoção. Há sempre um contraste entre os elementos, algo muito bem trabalhado.

O destaque não se centra apenas na cantora. A mesma dá espaço e tempo à sua banda para brilhar. Isto acontece, por exemplo, na primeira faixa “Thinking About You”, onde temos um espaço de tempo em que só ouvimos um instrumental requintado e tranquilo.

Webster é conhecida pela sua escrita e não desiludiu os ouvintes, mais uma vez. Letras como “I want to see you in my dreams but not forget/ We are meant to be but not yet”, em “But Not Kiss”, demonstram a capacidade da cantora de escrever poesia em forma de música.

Um aspeto menos positivo é o uso de autotune na música “Feeling Good Today”. Mesmo sendo totalmente propositado, tal escondeu os lindos vocais anteriormente ouvidos noutras tracks, não acrescentando nada à música, muito pelo contrário.

Em suma, é de salientar a escrita da cantora, o plano instrumental do álbum e o processo criativo do mesmo, porém alguns aspetos técnicos podem ser melhorados para tornar o disco mais consistente.