Há três décadas, a 17 de abril de 1989, foi lançado o segundo álbum da banda indie rock, Pixies, Doolittle. Foi o projeto mais aclamado da banda: marcou a carreira do grupo, o rock alternativo e a música em geral.
Apesar do disco “Surfer Rosa” se manter um fiel catálogo musical da natureza provocativa dos Pixies, é o seu segundo álbum que continua a defini-los. Foi através dele que muita gente entrou em contacto com o rock alternativo pela primeira vez e começou a aprofundar-se, através das suas canções, em várias das suas vertentes, nomeadamente Punk e Indie.
Bandas como Blur, Weezer e Radiohead têm os Pixies como inspiração. A banda também foi idolatrada por Nirvana. Krist Novoselic e Kurt Cobain chegaram a falar sobre como “Smells Like Teen Spirit” carrega a dinâmica de peso/suavidade eternizada pelo grupo de Black Francis nas suas canções. O próprio Cobain chegou a dizer que com esta faixa gostaria de fazer “a música pop definitiva. Eu estava basicamente a tentar copiar os Pixies. Eu admito.”
De facto, a banda de Boston não apenas foi capaz de definir a sonoridade dos anos 90, como fez aquilo que torna certos álbuns verdadeiras lições históricas: entoou grandes hits para o público e preencheu o resto do trabalho com experimentações que fogem ao comum.
A primeira faixa do aclamado álbum Doolittle, “Debaser”, é uma das introduções mais perfeitas à lendária banda. Inspirada na famosa curta-metragem francesa Un Chien Andalou, a música alta e animada apresenta muitos dos traços característicos da banda: uma dissonância alta e distorcida de guitarras, linha de baixo vibrante, letras enigmáticas e a clássica entrega gritante de Black Francis.
Alternando momentos de fúria vindos do Punk Rock, como na incrível abertura com “Debaser” e faixas como “Crackity Jones”, com toda a glória do indie voltado ao pop com o hit “Here Comes Your Man”, a banda demonstrou a sua versatilidade. O grupo consegue abordar assuntos pesados com canções leves. Não se prende a um estilo único e chega até a misturar tudo numa única faixa, apresentando conjugações harmoniosas de vozes, passagens quase faladas, guitarras marcantes em sons como “Hey”.
Doolittle ,apesar de desconfortante, apresenta também melodias mais suavizadas de pop, tornando-o não só o álbum mais intrigante, mas também o mais acessível. Distingue-se de tudo o resto já feito. O caráter surrealista das letras escritas por Francis é também uma parte vital da distinção do som da banda.
Doolittle dos Pixies é mais do que um álbum; é uma obra-prima musical que continua a inspirar e encantar audiências ao redor do mundo. Três décadas após o seu lançamento, a sua influência e relevância ainda são inegáveis, solidificando o seu lugar na história da música como um dos álbuns mais importantes e duradouros do rock alternativo.