O melhor do concelho une o património edificado, a natureza, a indústria e o desporto.

Em agosto, o ComUM sobe o vale do Ave até chegar a Cabeceiras de Basto, vila e concelho do distrito de Braga. É o destino indicado para quem quiser estar em pleno convívio com a natureza, conhecer o património desta região e a sua história – representada pelo “Basto”, herói lusitano que simboliza a raça e a determinação das suas gentes.

Mosteiro de São Miguel de Refojos

Este é um verdadeiro ícone do património arquitetónico e cultural de Cabeceiras de Basto. A documentação existente prova que o Mosteiro de São Miguel já existia no séc. XII no lugar de Refúgios, hoje freguesia de Refojos de Basto – a maior do concelho e a sede da vila. Foi gerido por abades beneditinos até à extinção das ordens religiosas em 1834, altura em que foi alienado pelo Estado central.

O edifício que conhecemos hoje começou a ser construído em 1755, projetado pelo arquiteto André Soares. A Igreja é de estilo barroco, destacando-se as estátuas em tamanho real de São Bento de Núrcia na fachada, os claustros e o Núcleo Museológico na antiga Sacristia. Este é o único mosteiro beneditino português que possui um zimbório, símbolo turístico de Cabeceiras de Basto, de varandim e cúpula onde se ergue uma imponente representação do arcanjo São Miguel.

Atualmente, a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto está instalada no edifício. O conjunto conventual está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1933 e o Mosteiro candidatou-se a Património da Humanidade em 2014.

Casa do Tempo de Cabeceiras de Basto

A Casa do Tempo foi inaugurada em 2013, integrando um projeto de requalificação urbana e ambiental do centro histórico da vila. Adjacente ao Mosteiro de São Miguel de Refojos, destina-se ao acesso público das informações turísticas do concelho e dar a conhecer o seu património. Assim, o espaço funciona como um “centro interpretativo” de Cabeceiras de Basto, como classifica a Câmara Municipal, e uma “vitrine” da sua “história, usos, costumes, natureza, território e pessoas”.

Ecopista da Linha do Tâmega

Uma pequena parte da Ecopista do Tâmega atravessa o concelho, passando por Celorico de Basto e Amarante. A via foi inaugurada em 2013 e construída sobre a antiga Linha do Tâmega, cujo troço principal foi encerrado em 1990. O projeto foi revelado ao público em 2007 e envolveu as três autarquias, a Refer e o Estado português.

Em Cabeceiras, é possível percorrer pouco mais de 5 km entre a antiga estação ferroviária de Arco de Baúlhe – hoje núcleo museológico ponto de partida oficial da Ecopista – até ao Lugar da Mulher Morta, em Vila Nune, na fronteira com Celorico de Basto. Atravessá-la, a pé ou de bicicleta, é estar imbuído da calma que a natureza proporciona, sempre na companhia das águas tranquilas do Tâmega. No rio, é possível seguir de canoa o seu trajeto sinuoso.

CM Cabeceiras do Tempo | Site

Serra da Cabreira

A Cabreira é uma das principais serras do Norte de Portugal e partilha o seu território com Cabeceiras de Basto, Vieira do Minho e Montalegre. Reza a lenda que o povo lhe deu este nome para homenagear uma jovem pastora, desgostosa de amor, que por ali guardava o seu rebanho.

A serra é um dos poucos abrigos de lobos em Portugal, embora sejam uma ameaça ao gado que aí apascenta, e um local de particular importância arqueológica. Os amantes do BTT procuram a Cabreira pelos seus caminhos selvagens e acidentados. O Rali de Portugal costuma passar por este local.

O ponto mais alto de Cabeceiras de Basto, o Alto das Torrinheiras, localiza-se aqui, a quase 1200 metros de altitude. O percurso das Aldeias da Cabreira, integrado no CIASC – Centro de Interpretação e Animação da Serra da Cabreira, atrai os curiosos em vislumbrar como sobrevive, na agrura desta região, o povo serrano. No total são vinte e três povoações, uma delas a aldeia de Busteliberne, da qual o ComUM fala a seguir.

Aldeia de Busteliberne

Busteliberne fica a 800 de metros de altitude, num dos pontos mais altos do concelho, e é uma Aldeia de Portugal: protegida e preservada pela sua relevância histórica, cultural e patrimonial. No coração da Cabreira, a localidade ainda se sustenta à base da pastorícia, à semelhança dos povoados vizinhos. Evoluiu, aliás, de um abrigo de pastores para o aglomerado rural que hoje encontramos.

A aldeia está assente numa encosta acidentada, predominando os espigueiros, as ruas estreitas, os cortes para o gado e as casas rústicas – muitas renovadas, sinal de que Busteliberne vai sobreviver. Na paisagem, avista-se a serra, os lameiros e as vastas pastagens onde o gado se alimenta.

De carro, são cerca de 30 minutos do centro de Cabeceiras a Busteliberne. O ribeiro do Moureirinho navega pelos socalcos da aldeia, abastecendo os moinhos – uma das suas principais atrações -, os lavadouros e os lameiros. Os enchidos e o mel são os mais procurados da gastronomia local.

Casa da Lã

Na freguesia de Bucos, na Casa da Lã, dez mulheres juntam-se, nas tardes de quinta-feira, para se dedicarem a esta “arte” e porem a conversa em dia. O projeto nasceu em 2010, quando a estilista Helena Cardoso foi convidada para dar a conhecer a história da atividade, o modo de fazer e as peças produzidas por si e pelas dez senhoras.

Da tosquia ao tricô, visitar este espaço permite viver a criação artística nos seus vários processos e formas. O museu está aberto de segunda a sexta – excetuando feriados – das 9h às 12h30 e entre as 14h e as 17h. A entrada é gratuita e alguns dos conjuntos de lã, de linha contemporânea, encontram-se à venda.

Museu das Terras de Basto | Site

Cavez

Situada na porção oriental do concelho, a vila de Cavez é sede da freguesia homónima. Nesta localidade, atravessada pelo Rio Tâmega, a história entrelaça-se com a cultura e o lazer. Para além do património edificado, destaca-se a pesca desportiva e as romarias, nomeadamente a de São Bartolomeu, que inspirou o conto “Como ela o amava”, de Camilo Castelo Branco.

A Ponte de Cavez está classificada como Monumento Nacional desde 1910 e foi erguida no séc. XIII. A iniciativa partiu do Frei Lourenço Mendes para unir as margens da freguesia separadas pelo Tâmega, incumbindo a obra ao mestre Martin Esteves. Conta-se que o povo duvidou da capacidade de construção da ponte, mas quando foi inaugurada, reconhecendo-se a admirável solidez, o arquiteto sentiu tanta alegria que morreu, nesse momento, fulminado. Terá sido sepultado junto à cabeceira, acompanhando o túmulo a seguinte inscrição: “Esta é a ponte de Cavez e aqui jaz quem a fez”.

A abertura da Estrada Real 32, no final do séc. XIX, e uma enxurrada que fez desabar o muro do lado jusante, em 1959, forçaram intervenções profundas na sua estrutura e proteção lateral. A última reabilitação foi em 2019. Atualmente, possui 95 metros de comprimento, 17 metros de altura, e é constituída por cinco arcos em granito. No sentido de quem sobe o rio, a 200 metros, encontra-se a Praia Fluvial de Cavez, na foz da ribeira de Moimenta.

Entre outras, as casas do Souto, das Cortinhas, da Igreja e do Vale possuem um elevado “valor histórico ou arquitetónico”, afirma o Município. Recebem os nomes dos lugares em que foram construídas, excetuando a última, em Moimenta, e são albergadas pelas muitas quintas da freguesia. À capelinha de São Bartolomeu, de onde parte a romaria homónima, os crentes ainda ocorrem a pedir os seus milagres. A seguir à capela e junto à ponte, na margem direita do Tâmega, encontra-se uma fonte de água sulfurosa, que os habitantes creem ter poderes curadores.