When Facing the Things We Turn Away From é o álbum de estreia de Luke Hemmings. Lançado no dia 13 de agosto de 2021, este marca o início da carreira a solo do artista, que é também membro da conhecida banda 5 Seconds of Summer. Apresenta-nos, assim, um projeto melancólico e bastante vulnerável, que nos emerge numa jornada de auto-reflexão e autodescoberta.

Scottie Cameron

“Starting Line” é, tal como o título indica, o ponto de partida. Escolhida para ser o primeiro single, a canção começa de forma angelical, progredindo, depois, para uma balada enérgica e acelerada, marcada pela intensa percussão. Provoca, assim, uma enorme vontade de correr ao som deste ritmo agitado, tal como Luke no vídeo clipe deste track, enquanto, simultaneamente, refletimos sobre a rapidez e a loucura da vida (“I wake up every morning with the years ticking by”).

O segundo track, “Saigon”, remete para uma viagem do artista à cidade vietenamita, Saigão, onde este diz ter vivido uma das melhores experiências da sua vida. Contudo, depara-se que, ao regressar, terá de enfrentar as coisas que tem evitado (“When facing the things we turn away from”), referindo, deste modo, o título do álbum. Enfrenta, assim, os seus maus momentos, erros e arrependimentos, ao mesmo tempo que deseja voltar à sua versão de um viajante livre de pensamentos (“We’re chasing the way we were in Saigon”).

Para além das suas auto-reflexões, Luke Hemmings analisa também a necessidade de precisar de alguém, combinando-a com sons um pouco obscuros. Na canção “Place in Me”, o artista aborda isso mesmo, fazendo um pedido para que essa pessoa fique na sua vida. Afirma, por isso, no final, com a ajuda de bizarros efeitos sonoros artificiais, que esse alguém terá sempre um lugar na sua vida.

Porém, o cantor australiano, fechado com a sua mente durante a pandemia, compôs mais alguns temas taciturnos. “Repeat”, com apenas uma guitarra acústica, revela-nos o quanto uma pessoa pode ficar irreconhecível por causa do seu passado; “Mum” conta-nos uma relação de mãe e filho que é difícil, mas necessária; “Slip Away” fala-nos sobre o medo de perder alguém de quem gostamos… Enfim, mil e um temas que nos prenderão pela sua extrema intensidade e fragilidade.

Contudo, todas as canções têm algo em comum: cada uma consegue, de maneira única, traduzir as suas mensagens em sons musicais. Sons estes que criam a sua própria aura, transportando-nos para um universo longínquo, onde meramente existimos nós, ouvintes, e a música. Isto deve-se à incrível, apesar de experimental, produção musical, que combina diferentes instrumentos acústicos, vozes e sintetizadores. “Diamonds” e “A Beautiful Dream” são grandes exemplos dessa mestria, pois são tracks verdadeiramente extraordinários que nos fazem flutuar como se estivéssemos a ser possuídos pela poderosa magia da música.

E, por último, encontramos a 12.ª canção, “Comedown”, onde Luke se auto-aconselha a se permitir sentir tudo de forma autêntica, quer sejam as coisas boas, quer as más, essas de que se tem escondido. Desta forma, termina o álbum com a repetição do mesmo verso, como se o quisesse interiorizar: “Let it come down on me” (Deixa cair sobre mim).

When Facing the Things We Turn Away From é, sem dúvida, um álbum que se tornará no refúgio e conforto de muitos, pois as intensas mensagens de Luke, juntamente com as suas peculiares melodias, conseguirão atingir a alma mais profunda e abraçá-la.