Três décadas depois, Beetlejuice está de volta! Esta tão aguardada sequela convida-nos a regressar ao mundo excêntrico e sombrio de Tim Burton, recriando o ambiente peculiar que encantou audiências em 1988. Com estreia a 6 de setembro, o novo filme surge com ritmo alucinante que promete ser tão imprevisível quanto o próprio Beetlejuice que, nas suas palavras, anuncia “It’s showtime!”.

O filme acompanha a família Deetz, que regressa à sua cidade natal, Winter River, após uma tragédia familiar. Três gerações da família acabam por se unir, confrontando os seus problemas enquanto tentam lidar com o caos causado por Beetlejuice.

A estética visual característica de Burton está bem preservada, com o design gótico, os efeitos práticos e as maquilhagens exageradas a evocarem uma sensação nostálgica que remete diretamente ao estilo do primeiro filme. Tal como no original, referências à cultura pop e ao cinema clássico como Frankenstein, Soul Train, Mario Bava e Bee-Gees reforçam a conotação irónica da narrativa, lembrando ao público que se trata uma experiência cinematográfica leve e humorística.

A ousadia e o humor negro que definem o cinema de Burton destacam-se em diálogos como: You know, it’s a little rude to stare”.  O filme apresenta várias subtramas a ocorrer em simultâneo, conferindo-lhe uma dinâmica interessante. Embora, em certos momentos, essa complexidade torne a narrativa confusa, com algumas dessas tramas a serem resolvidas de forma apressada, o que poderá frustrar alguns espectadores.

Apesar dessas falhas, a interpretação de Michael Keaton como Beetlejuice continua a ser um ponto forte. Embora mais contido do que no original, Keaton mantém a irreverência da personagem, sendo o destaque do filme sempre que aparece em cena. Algumas personagens secundárias, como Delores interpretado por Monica Bellucci, não têm grande desenvolvimento. No entanto, acaba por permitir que o foco se mantenha nas relações centrais e no caos que Beetlejuice provoca.

Em termos de ritmo, o filme ganha verdadeiramente vida nas cenas passadas no “Além”, onde Tim Burton volta a mostrar a sua criatividade visual. A famosa frase, “Live people ignore the strange and unusual”, encapsula o tom do filme, que mistura o fantástico com o hilariante.

Burton conseguiu o que parecia impossível nas últimas décadas, repletas de sequências dececionantes: criar uma continuação ousada e fiel à essência do filme original. Para os que admiram o trabalho genial do realizador, esta sequela não desilude. Beetlejuice Beetlejuice apela à nostalgia dos fãs, proporcionando uma experiência que, embora não seja revolucionária, proporciona momentos divertidos e memoráveis.