A celebração tem o objetivo de erradicar a fome a nível global e incentivar o consumo alimentar equilibrado.

O Dia Mundial da Alimentação é celebrado anualmente a 16 de outubro desde 1981. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) assinala a data para aumentar os níveis de nutrição e a qualidade de vida, melhorar a produt​ividade na agricultura e as condições de vida das comunidades.

“Direito aos alimentos para uma vida e um futuro melhor” é o tema escolhido para a comemoração do dia em 2024. O lema procura destacar a alimentação como um direito humano, estimulando ações para o futuro da alimentação, das pessoas e do planeta.  Através de palestras e outros eventos, a FAO promoverá a consciencialização mundial sobre os assuntos inseridos na temática da nutrição.

Em entrevista ao ComUM, a nutricionista Ana Ferreira Gonçalves destacou a importância de uma abordagem holística da alimentação saudável. No que toca à nutrição infantil, a especialista menciona a necessidade de promover a autonomia do bebé durante os primeiros momentos de contacto. “É importante deixá-los cheirar, tocar, sentir e brincar com os alimentos, preferencialmente com as mãos”, afirma. Tudo isto porque “é o momento em que começa uma etapa importantíssima da relação daquele ser humano com a sua alimentação”, discorre.

Segundo Ana, a variedade e a liberdade são aspetos fundamentais para o processo. “Nesta fase, é extremamente importante oferecer a maior diversidade possível de alimentos, confeções e texturas”, reitera. A nutricionista também assinala que “precisamos deixar de lado a restrição e a proibição”, o que “pode ser considerado um pouco polémico”, acrescenta. Torna-se, assim, urgente o desenvolvimento de um olhar sobre a alimentação num prisma diferente e com uma maior normalização.

Quanto aos mitos sobre a alimentação, a entrevistada reflete que “acreditar que é preciso foco é um dos maiores entraves ao sucesso de um plano alimentar”. A profissional exemplifica que “numa consulta de nutrição, o peso é sempre o resultado mais insignificante”. Apesar disso, “continua a ser aquele que maior impacto tem, levando muitas pessoas a desistirem de processos lindos”, menciona. Tudo isto porque “muitas pessoas acreditam que precisam de mudar o corpo para gostarem delas”, o que Ana refere como uma grande ilusão.

Sobre a relação entre a alimentação e a saúde mental, a nutricionista diz que “muitas vezes, o emocional influencia diretamente a maneira que nos alimentamos”. Ana Gonçalves destaca que “comer pode tornar-se uma forma de escape” durante momentos de maior instabilidade. Na sua experiência prática e clínica, Gonçalves afirma que aumentar a introdução de alimentos que nutram o corpo e a mente é uma solução para estas situações, uma vez que trazem um impacto bastante relevante no estado psicológico.

O Dia Mundial da Alimentação pretende reforçar as necessidades acerca dos cuidados com a nutrição. Mais que isso, incentiva o consumo saudável para uma melhor disposição física e mental, reforçando a necessidade do acesso à alimentação como direito global.