Hoje, dia 6 de outubro de 2024, marcam os 25 anos do falecimento da fadista Amália Rodrigues.

Amália da Piedade Rodrigues, mundialmente conhecida como Amália Rodrigues, é uma das figuras mais importantes e influentes da música portuguesa, especialmente no gênero do fado. Nascida em Lisboa, a 23 de julho de 1920, Amália transformou o fado numa das expressões musicais mais reconhecidas de Portugal. A sua trajetória é marcada pelo talento ímpar que emocionou gerações e continua a inspirar até hoje.

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Criada numa família humilde, desde jovem demonstrou uma vocação natural para a música. Aos 19 anos, em 1939, fez sua primeira apresentação no Retiro da Severa, uma casa de fados em Lisboa. A intensidade da sua voz e a capacidade única de transmitir emoção distinguiram-na rapidamente dos outros fadistas da época. Este foi o início de uma carreira icónica que a colocou no epicentro do fado.

Nos anos 1940 e 1950, Amália consolidou a sua fama em Portugal e além-fronteiras. Com uma voz poderosa e uma presença cativante, levou o fado a diversos países, incluindo França, Brasil, Estados Unidos da América e, ainda, Japão, onde conquistou o público mesmo existindo a barreira linguística. Amália era mais do que uma intérprete do fado tradicional. Ela foi uma inovadora, incorporando elementos da música popular e ampliando o repertório com interpretações de poemas de grandes autores como Camões, David Mourão-Ferreira e Pedro Homem de Mello.

Entre os seus maiores sucessos estão canções que se tornaram icônicas, como “Povo Que Lavas no Rio”, “Gaivota” e “Estranha Forma de Vida”, todas caracterizadas pela profunda melancolia e expressividade. Além disso, músicas como “Uma Casa Portuguesa” e “Cheira a Lisboa” destacam-se sendo músicas mais animadas e exaltadoras de Portugal e Lisboa. Além da música, teve destaque no cinema, participando nos filmes Capas Negras (1947), um marco no cinema português, e Fado, História d’uma Cantadeira (1948).

Amália enfrentou algumas controvérsias em Portugal, particularmente devido a rumores da sua ligação ao regime do Estado Novo de Salazar. No entanto, muitas das suas músicas foram censuradas pelo regime, provando a falsidade desses rumores. Amália contribuía clandestinamente para causas democráticas, inclusive doando ao Partido Comunista Português e mais tarde cantou o hino da Revolução dos Cravos, “Grândola, Vila Morena”.

Amália foi amplamente reconhecida e premiada internacionalmente. Em 1952, a sua canção “Coimbra” alcançou o segundo lugar na Music Chart Popularity da revista americana Billboard. Em 1954, foi capa da mesma revista e atuou durante quatro meses no prestigioso Radio City Music Hall, em Nova Iorque. Mais tarde, recebeu distinções como a Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em 1990, foi homenageada pela UNESCO pela sua contribuição à música mundial.

Nos seus últimos anos, Amália reduziu o ritmo das suas apresentações, devido ao declínio da sua saúde. Em 1997, foi lançado o álbum Segredo, com gravações inéditas, e em 1998 recebeu uma homenagem na Expo 98, em Lisboa. Já fragilizada, em 1999, foi condecorada na Cinemateca Francesa, em Paris, onde agradeceu ao público francês, que teve um papel fundamental na sua projeção internacional.

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Amália Rodrigues faleceu em 6 de outubro de 1999, aos 79 anos, em Lisboa, sendo enterrada no Panteão Nacional, como reconhecimento do seu imenso contributo cultural.

A fadista ajudou a promover a cultura e a língua portuguesa internacionalmente. Falava e cantava em várias línguas, incluindo espanhol, francês e inglês, e o seu impacto cultural vai muito além da música. A sua habilidade de emocionar, a sua voz inconfundível e o seu espírito inovador continuam a influenciar não só o fado, mas também a música em geral. O seu legado é imortal, e a sua arte viverá para sempre no coração de todos aqueles que a ouvem.