O ano de 2024 marca o 85º aniversário da autora canadense Margaret Atwood. Conhecida pela ficção em prosa e a perspetiva feminista, os seus trabalhos incluem uma variedade de temas como género, religião, mudanças climáticas e política. Entre as suas diversas obras aclamadas, destaca-se A História de Uma Serva (1985). O livro, e a série adaptada para televisão, têm recentemente ganhado relevância devido às situações que põem em risco os direitos das mulheres.

Marc Milliard

Nascida a 18 de novembro de 1939 em Ontário, Atwood passou a infância entre a casa da família em Toronto e a floresta no norte do Canadá, onde o pai fazia pesquisa. Apesar de apenas entrar na escola a partir dos 12 anos, já escrevia e lia desde os seis. Na universidade publicou os primeiros textos no jornal universitário, licenciando-se em 1961.

A obra Double Persephone (1961) foi o primeiro trabalho publicado da autora. A obra de poesia saiu como um panfleto no jornal, chegando a ganhar uma medalha EJ Pratt. O romance A Mulher Comestível(1969), que aborda o consumismo norte-americano, foi o seu primeiro livro publicado. Os livros de Atwood do início da sua carreira estabeleceram-na como uma voz importante na literatura canadiana. As obras como O Lago Sagrado (1972), A Senhora Oráculo (1976) e A Vida Antes do Homem(1979) exploram temas da identidade, construções sociais de género e políticas sexuais – temas que, ainda hoje, são controversos.

Foi em 1968 que a autora se casou com Jim Polk, um escritor americano, mas que, em 1973, acabou por se divorciar. Pouco tempo depois, conheceu o escritor Graeme Gibson, com quem teve uma filha em 1976.  Nos anos 80, a reputação de Atwood continuou a crescer, especialmente com a obra A História de Uma Serva(1985), que centra todos os temas recorrentes nas suas obras. A história acontece num mundo distópico, onde mulheres vivem em escravatura sexual numa sociedade repressiva reinada pelo cristianismo. O livro foi adaptado para uma série televisiva em 2017, bastante aclamada pela crítica, vencedora de vários prémios Emmy. Em 2019, foi publicada uma sequela, Os Testamentos, que conta a história de três mulheres, 15 anos após os acontecimentos do último livro.

Em 2000, a autora publicou o seu décimo livro, O Assassino Cego, que ganhou vários prémios, entre eles o Booker Prize. A narrativa é centrada nas memórias de uma idosa que perdeu a irmã e agora trabalha na publicação póstuma dela. Após a publicação, Atwood começou uma trilogia que inclui Órix e Crex (2003), O Ano do Dilúvio (2009) e Maddaddam (2013). A série parte de uma visão apocalíptica do suposto único sobrevivente de uma praga.  No segundo livro, a história é recontada na perspetiva de outras personagens e o terceiro continua o tema bíblico e anticorporativo, trazendo um desfecho à série.

Enquanto escrevia, a autora foi professora de inglês em várias universidades no Canadá e na América. Em 2016, ganhou o prémio PEN Pinter pelo ativismo presente na sua vida e obras. Outras honras centraram-se nos dois prémios Governor General, o prémio Franz Kafka, o prémio Princess of Asturias e o National Book Critics e Pen Center USA prémios de lifetime achievement.

Margaret Atwood é mais do que uma escritora: é uma voz essencial na literatura contemporânea. As suas obras são importantes neste mundo em constante transformação, onde há cada vez mais desafios à liberdade, igualdade e ao meio ambiente. Ler Margaret Atwood é estar em diálogo com o passado, presente e futuro.