De forma a celebrar “o número redondo” da revolução de abril, foi criado um concerto teatral que retrata o sentimento pré e pós-revolução.
O espetáculo “Quis saber quem sou” estreou no Theatro Circo, na passada sexta-feira. Com apoio de divulgação da Antena 1, agregou jovens atores/cantores dos 18 aos 25 anos, escolhidos a partir de uma audição a nível nacional. Estes artistas tiveram como objetivo evidenciar a importância da esperança, da inclusão, da luta constante e da citação de feitos passados.
A exibição começou com a introdução ao conceito do espetáculo por um dos intérpretes que, apesar da deficiência verbal, o apresentou de forma cativante e envolvente, transmitindo a essência do tema exposto. Citações como (este espetáculo é) “mais concerto que teatro”, “no teatro os corpos estão sempre tensos, nos concertos está tudo mais descontraído” e “o povo é o protagonista”, definiram aquilo que foi a base para a criação deste espetáculo.
Ao longo deste concerto teatral, foram declaradas e cantadas várias representações culturais que remetem àquilo que foi e que é a luta reivindicativa e revolucionária que nos proporcionou a liberdade e a democracia. Músicas como: “Coro de primavera”, de José Afonso; “Que força é essa?” e “Maré Alta”, de Sérgio Godinho; “A cantiga é uma arma”, do GAC- Vozes na Luta e “Somos livres”, de Ermelinda Duarte, tiveram lugar de destaque neste concerto de abril.
Um ponto alto do evento foi o momento em que as mulheres do elenco se juntaram para referenciar os nomes de 50 mulheres importantes na luta antifascista e na luta pela Revolução de Abril, salientando o facto de haver ainda muitas mais por referir. Outro momento de destaque foi a sátira ao fascismo onde os artistas explicaram que, segundo as estatísticas, “dois em cada dez portugueses são fascistas” e que por esse motivo “ao contrário do que se pensa, o monstro está entre nós”.
A referência a várias personalidades feita pelos artistas no decorrer do espetáculo trouxe uma enorme diversidade cultural quer de ideias quer de línguas, visto que foram referidos poemas, citações e canções de 5 idiomas distintos: português, francês, alemão, italiano e russo.
No final do espetáculo, deram a entender ao público a resposta para a questão inicial, “saber quem sou”. Mostraram que todas as citações não foram por acaso, foram sim a representação das várias vozes da luta pela liberdade em uma só e, portanto, um coro em uníssono. Evidenciaram que esse coro não precisava de ser apenas os artistas de palco, mas que cada um de nós pode fazer parte dele. Por esse motivo, convidaram-nos para cantar em conjunto a icónica canção “Grândola Vila Morena”, de José Afonso. Um momento especial, marcado pelo público todo de pé, a simular uma marcha e a cantar.
O espetáculo tinha um objetivo e cumpriu: celebrar os 50 anos do 25 de abril e propor uma reflexão, mais precisamente, a necessidade de manter viva a memória da revolução e resistir ao retrocesso de forma a incentivar à perpetuação da defesa dos valores de abril.