Atualmente, ao falarmos do sucesso de obras cinematográficas, precisamos de falar nas grandes estratégias de marketing por detrás dos notáveis números de bilheteiras. Mais recentemente, realça-se o caso do filme “Wicked”, que se encontra neste momento nas salas de cinemas. Ao olhar em volta, era inevitável não nos depararmos com algo relacionando à estreia do filme.
Apesar de um filme ser composto por várias características, o seu sucesso resume-se basicamente à bilheteira. Mesmo que uma obra receba inúmeros prémios de prestígio, os estúdios consideram um fracasso se este não vender bem. Portanto, cresceu a necessidade de mercantilizar o máximo possível e puxar pela vontade de não perder o próximo “grande filme”.
Por detrás do já grande sucesso de “Wicked”, surge a Universal com cerca de 400 parcerias com diferentes empresas. Meticulosamente planeado pelo diretor de marketing do estúdio, Michael Mosedisse, que revelou à Variety que “vivemos num ambiente onde a monocultura não acontece como antes”, explicando ainda que “tens de estar em todos os lugares”. Assim sendo, criaram-se bebidas de Starbucks e conjuntos de Lego para construir a Cidade das Esmeraldas. Até lugares marcantes, como o Empire State de Manhattan, foram iluminados com as cores emblemáticas do filme.
“Barbie” surge como outro exemplo pertinente. No verão de 2023, não havia ninguém que pudesse escapar ao glitter e ao cor-de-rosa. Com uma press tour à volta do mundo, onde cobriam a Margot Robbie de vestimentas icónicas de antigas bonecas da Barbie. Juntamente com 165 colaborações e parcerias, conquistaram facilmente as salas de cinema, tornando-se o filme mais bem-sucedido daquele ano. A obra também incentivou várias outras produções a adotar o “vestir a estética do filme” para promover os seus filmes.
Apesar de a obra estar colada ao termo “Barbenheimer”, Oppenheimer não teve o mesmo investimento no marketing do filme e agarrou-se ao fenómeno criado pela audiência. Ajudando a ser um dos outros grandes filmes do ano, mas não chegou a igualar aos números de Barbie. Isto lembra-nos o quanto as redes sociais também estão em conta no sucesso ou insucesso na bilheteira, investindo-se num marketing digital e numa conversação online inacabável sobre o assunto durante semanas.
No entanto, mesmo que algumas destas estratégias sejam consideradas geniais, também surgem vários problemas face a isto. Por vezes, é feito da maneira errada e acabam por não ter o sucesso esperado. Neste ano, tivemos a obra “Furiosa: Uma Saga Mad Max”, que nos Estados Unidos, o faturamento bruto de US$ 32,3 milhões em quatro dias foi descrito como “dececionante”. Ainda que tivesse atores como Anya Taylor-Joy e Chris Hemsworth e que vários críticos e cineastas tivessem pedido ao público que vissem o filme sem se deixar levar pelos fracos resultados, acabou por ser um fracasso de venda.
Infelizmente, por mais que uma obra-cinematográfica se destaque em outros aspetos, para os estúdios o que conta é o dinheiro que fazem. Em grandes estreias, observamos a aposta em fazer filmes genéricos e uma renúncia a aventurar-se por novas histórias e novos rostos. Reparamos também que sequelas, live actions e remakes estão em alta, marcando uma nova onda de marketing que reside na nostalgia.
“Bettlejuice Bettlejuice”, “Gladiator II” e “Top Gun: Maverick” são sequelas que têm uma diferença de mais de 20 anos com os filmes originais. Em live actions, é o que a Disney mais aposta nos dias atuais. Brevemente sairá “Mufasa: O Rei Leão”, “Branca de Neve” e “Lilo e Stitch”, todos bastante criticados por diversos motivos. Os futuros remakes de “Quarteto Fantástico” e “As Crónicas de Nárnia” pretendem reescrever as narrativas já conhecidas, enquanto o remake de “Mean Girls” fez uma abordagem musical da trama inicial.
A razão por detrás disto é porque já têm um nome dentro da cultura cinematográfica, os estúdios não precisam de trabalhar do zero para construir uma estratégia de publicidade. Nestes casos, já existe um certo apego aos personagens e à história, sendo mais fácil de vender ao público e puxar pela nostalgia. Logo, não é surpresa ver que grande parte da lista dos principais lançamentos em 2024 são sequelas, remakes e live actions.
Quanto a filmes internacionais, estes tentam ao máximo promover as suas obras enquanto viajam por festivais de cinemas por todo o mundo. No caso do filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, um dos principais nomes para uma possível nomeação na categoria de Melhor Filme Internacional, envolve a sua campanha em volta dos Óscares. Aqui vemos que há primeiro uma maior procura de reconhecimento para entrar na competição de estatuetas do que um grande sucesso de bilheteira.
O mundo cinematográfico existe em volta do que é a palavra sucesso. Infelizmente, no mundo atual do Hollywood a bilheteira é o mais importante, por isso tenta-se encontrar as melhores formas de vender um filme. Seja de maneira extravagante ou de apelo a nostalgia, por vezes com grandes fracassos e noutras vezes com um sucesso imenso, que se transforma num efeito de tentar recriar o mesmo em futuras produções.