Rivais não tem papas na língua, como fica claro desde a primeira cena. A série começa em grande estilo, com uma dose de erotismo e luxo desavergonhado. O Concorde, símbolo máximo de sofisticação, e uma garrafa de champanhe abrem caminho para uma experiência supersónica que define o tom da narrativa.

A primeira temporada, lançada em outubro, conta com oito episódios de cerca de uma hora cada. Desde o início, somos apresentados ao carismático Rupert Campbell-Black, em toda a sua glória de câmara lenta, com suspiros e piscadelas.

A banda sonora é um sonho dos anos 80, incluindo clássicos como Addicted to Love de Robert Palmer e Lady in Red de Chris de Burgh. A experiência é enriquecida por um elenco repleto de estrelas britânicas, como David Tennant, Aiden Turner, Katherine Parkinson, Danny Dyer e Emily Atack, todos super-humanamente charmosos.

Baseada nos romances de Jilly Cooper, a série explora fantasias semelhantes às de Bridgerton. No centro da história está o mundo da televisão regional nos anos 80, com personagens a lutar para produzir conteúdo melhor que os restantes canais, tudo para manterem a sua licença. Entre os destaques está um apresentador que troca a BBC por uma nova estação, enfrentando o desafio de equilibrar a ética jornalística com as exigências de um programa de entretenimento.

O charme de Rivais reside na construção do seu universo e na atmosfera: é assumidamente anos 80. O cenário dos Cotswolds, onde habita a classe alta do Reino Unido, proporciona paisagens naturais e, simultaneamente, festas extravagantes repletas de personagens fascinantes e bizarras. Mesmo as cenas eróticas são abordadas com leveza e bom gosto. Não há uma tentativa de perfeição ou de algo demasiado polido – e não são exclusivas aos casais mais glamorosos, o que torna todos os romances muito mais realistas.

Com a energia de uma novela e a qualidade técnica de uma série bem produzida, Rivais recebe o seu nome pelas relações de antagonismo entre personagens, especialmente entre Rupert Campbell-Black (Alex Hassell), ex-cavaleiro olímpico e ministro do desporto, e Lord Tony Baddingham (David Tennant), dono da rede televisiva Corinium. Apesar do tom leve e humorado, a série aborda temas profundos, como o assédio sexual e os desafios da vida de uma mulher cujo marido vive para o trabalho.

Momentos como a festa de Ano Novo, no terceiro episódio, destacam-se. Vemos as personagens principais juntas, os dramas a desenrolarem-se ao mesmo tempo, vários momentos de tensão, seguidos imediatamente por riso. Numa ocasião em específico, ao som de We Don’t Have To Take Our Clothes Off, é impossível não desejar entrar pela tela e ser transportado para aquela festa.

Com 94% de aprovação no Rotten Tomatoes, Rivais assegura uma experiência de puro entretenimento. A segunda temporada já foi confirmada pela Disney, prometendo uma resolução para o gancho final. No meio de tantas séries que pedem para serem “levadas a sério”, Rivais surge como pura diversão descomprometida, sem negligenciar a escrita.