Shawn Mendes regressou em 15 de novembro com o novo álbum Shawn, um disco que transmite intimidade e honestidade. Composto por letras que soam como cartas pessoais e melodias sublimes, Mendes entrega o seu álbum mais íntimo até hoje, refletindo o seu amadurecimento pessoal e artístico.

Shawn Mendes (Divulgação)

Shawn inclui 12 faixas, incluindo as já conhecidas “Why Why Why”, “Nobody Knows”, “Isn’t that Enough” e “Heart of Gold”. O conceito do álbum gira em torno da vulnerabilidade, compartilhando as suas inseguranças, relacionamentos e reflexões sobre a vida.

Identidade, ou falta dela, foi um tema recorrente ao longo deste álbum. “Who I Am” é a primeira faixa, e explora a jornada contínua de autoconhecimento de Shawn. Como primeira faixa, esta é crucial porque define o tom de todo o álbum. Além disso, as faixas seguem uma ordem cronológica, o que nos dá uma ideia de onde Mendes estava no começo do álbum.

O resto do álbum conta-nos histórias. Na música “The Moutain”, Mendes descreve uma viagem nas montanhas onde viu algo nunca visto – algo que acredita ser a juventude, Deus ou algo inexplicável – que o transformou por completo. Esta faixa é memorável principalmente por fazer referência à sexualidade muito discutida do cantor.

Já na faixa “Heart of Gold” é nítida a profundidade emocional que Shawn Mendes apresenta no álbum. Com arranjos delicados de cordas e produção que reflete tanto o luto quanto a celebração da memória de um amigo próximo, a música emociona pela subtileza. Mendes abre-se sobre perder um funeral de alguém próximo, quando a família precisava mais dele.

“That’s the Dream” é outro destaque do disco, apresentando uma batida que evoca o country clássico dos anos 90. A inclusão de uma guitarra adiciona textura ao arranjo, criando uma sonoridade rica. A letra combina um otimismo e melancolia que é amplamente explorado ao longo do álbum. Esta faixa demonstra como Mendes utiliza referências sonoras familiares para criar algo que soa como o equilíbrio entre o tempo nostálgico e contemporâneo.

O álbum apresenta o cover de “Hallelujah”, de Leonard Cohen, sendo uma escolha ambiciosa, considerando a quantidade de versões já existentes. No cover, carece um toque de inovação que poderia ter tornado a faixa num destaque. Ainda assim, a música aprofunda a exploração da vulnerabilidade e do amadurecimento, contribuindo para a coesão temática do disco.

Em “Why Why Why”, o cantor revela tudo sobre uma experiência de quase se tornar pai, o que surpreendeu os fãs. Mendes divulga alguns dos seus pensamentos e sentimentos mais profundos, não apenas para os seus ouvintes, mas para si mesmo. A música começa com uma batida de bateria e continua com um instrumental de guitarra, que decorre até o final da música, acompanhado por um refrão cativante.

Embora os prós superem os contras, ainda há alguns aspetos que poderiam ter sido diferentes. Por exemplo, o facto de o álbum ser muito curto. Apesar de ser, sem dúvida, o álbum mais íntimo de Mendes, é estranho puder ouvir o álbum inteiro em apenas 30 minutos.

No geral, Shawn é uma obra que consolida o amadurecimento artístico e pessoal de Shawn Mendes, oferecendo ao público um lado mais íntimo e vulnerável da sua vida. Apesar da sua curta duração e algumas faixas que poderiam ter sido mais ousadas, o álbum destaca-se pela sua sinceridade emocional, pelo refinamento da sua produção e pelas histórias contadas em cada faixa.

A sua transição para um estilo folk não só mostra a sua versatilidade musical, mas também a sua disposição para explorar uma nova direção artística. Shawn é mais que apenas uma coleção de músicas, é uma narrativa que convida os ouvintes a abraçar as incertezas da vida. Marcando o fim de uma fase enquanto abre caminho para um futuro ainda mais promissor na carreira do artista.