A lista L promete “lutar por abril” e defender os direitos dos estudantes minhotos.

Vitória Carvalho é candidata à presidência da direção da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) e lidera a lista L. A semana de campanha termina dia 9 de dezembro e as eleições realizam-se na quarta-feira, dia 11. Em conversa com o ComUM, Vitória compromete-se com o objetivo da criação de uma “Associação Académica que se aproxime dos estudantes”.

 

ComUM – Quais são os principais objetivos desta candidatura?

Vitória Carvalho – A candidatura, primeiro acho importante ressaltar isto, acaba por refletir aquele que também é o papel democrático que nós achamos que a Associação Académica deve ter. A própria candidatura é, por si, para nós, um ponto alto da democracia durante este momento eleitoral. A candidatura reflete-se também por aí. Mas aqueles que são concretamente os nossos objetivos. É a consagração do ensino superior que se pretende público, gratuito, democrático e de qualidade. É isto que o projeto de abril preconiza. O nosso mote vem também daí.

 

ComUM – A lista L baseia a sua campanha em reivindicações. Como pretendem cumpri-las?

Vitória Carvalho – Essencialmente é o próprio compromisso que nós assumimos. Assim como estamos a fazer durante a campanha, é que a Associação Académica que pretendemos construir se aproxime dos estudantes e, essencialmente, desenvolva a sua atividade em conjunto com os estudantes. Não se desligando, naturalmente, mas afastando-se daquele que tem sido o encerramento da sua atividade nas suas barreiras internas institucionais, aproximando-se dos estudantes no seu próprio tecido democrático. Isto faz-se de uma forma muito simples: faz-se não se fazendo o que se faz agora, que é ignorar os movimentos da comunidade estudantil. Nós sabemos que os estudantes, quase de forma espontânea, conseguem organizar-se em grandes massas e, portanto, merecem também o apoio da Associação Académica. E faz-se desta forma, faz-se da forma como já estamos a fazer em campanha: tendo um acompanhamento próximo e muito concreto com os estudantes, distribuindo, falando com eles. É desta forma que nós pretendemos também construir o nosso projeto.

 

ComUM – A campanha da lista L baseia-se no 25 de abril e em “lutar por abril”. Qual foi o motivo por trás desta escolha?

Vitória Carvalho – O projeto de abril, a nosso ver, é precisamente aquele que consagra o ensino superior tal como nós também o consagramos. Para além de ter sido vanguardista na conquista da liberdade e da democracia, foi também ele que permitiu a luta contra o analfabetismo e que permitiu a consagração do ensino superior como um direito universal, assim como ainda se preconiza na constituição da república portuguesa e nas bases do sistema educativo, por exemplo. Esta é a nossa relação com abril. Nós não temos medo de afirmar este projeto, essa é outra questão. Não ficamos a meio caminho no seu cumprimento e o significado que tem é, precisamente, de servir como base, na nossa opinião, para a construção do ensino superior assim como nós o pretendemos consagrar.

 

ComUM – Consideras que o facto de estares no primeiro ano é uma desvantagem ou uma vantagem na tua candidatura?

Vitória Carvalho – Eu gosto da maneira como é colocada a pergunta. Eu vejo muita vantagem na própria jovialidade de toda a lista. Não só porque entendemos a renovação da Associação Académica algo urgente neste momento. Esse é o nosso compromisso também. É romper com este modelo de continuidade e de inercia também. A renovação é, por si, também o fator essencial à democracia e a rotatividade de poder, que vale a pena referir, também o é. Nesse sentido, esta própria renovação e rejuvenescimento da própria academia é, para nós, um ponto muito mais que positivo. E também reforçar que não acho que nos tire qualquer tipo de capacidade de assegurar aquilo a que nos propomos.

 

ComUM – A vossa lista defende mais as reivindicações, enquanto a lista A defende a continuidade e a inovação. Em que aspetos consideras que o vosso modelo pode funcionar melhor?

Vitória Carvalho – Antes de pegar por aquele que é o nosso próprio projeto, nós entendemos que este projeto de continuidade não tem vindo a dar frutos em vários sentidos, seja na abstenção que se verifica nos consecutivos momentos eleitorais, na falta de adesão dos estudantes às RGA’s (Reuniões Gerais de Alunos) que são, para nós, o momento mais alto da democracia da academia e têm sido completamente desvalorizadas por esta Associação Académica. A nossa rotura com essa continuidade é o que nos leva a apresentar este projeto reivindicativo, como tu o colocas. Nós achamos que a Associação Académica tem de ter coragem política naquilo que assume. Não pode ficar a meio caminho na defesa dos direitos dos estudantes. Nós sabemos que se aquilo que os estudantes precisam é do fim da propina, do fim das barreiras socioeconómicas do ensino superior, de mais ação social escolar, de mais residências públicas, então é também por isto que a Associação Académica deve pautar aquilo que é o seu trabalho. E deve fazê-lo com muita coragem. Não se acanhando. E é também esse o nosso compromisso. De não arredar pé na defesa de um ensino superior que nós sabemos que é nosso por direito.

 

ComUM – Como é que a vossa lista pretende combater o que foi a abstenção de voto no ano passado?

Vitória Carvalho – Eu acredito que a própria conexão que nós já temos tido e nos propomos a ter com os estudantes da academia vai dar frutos muito positivos nesse sentido. O principal motivo que, na nossa opinião, promove a abstenção neste momento é a falta de estímulo que os estudantes têm para votarem, para participarem na própria democracia da academia. E, portanto, a solução parece-nos relativamente simples nesse sentido. É estimular os estudantes. É conversar com eles. É fazê-los sentir que a sua voz também merece ser ouvida na própria academia. E ,essencialmente construindo uma campanha desta forma, a Associação Académica pautando-se por esta atividade concreta com os estudantes vai, naturalmente, obter bons frutos para que se diminua a abstenção.

 

ComUM – A direção anterior afirmou qua a continuidade dos transportes da Associação Académica pode estar em risco. Qual é o plano da lista L acerca desta situação?

Vitória Carvalho – Nós encaramos isso com muita preocupação. Para nós, a solução da mobilidade essencialmente combate-se em duas frentes. Uma a longo prazo, que naturalmente passará por o contacto e diálogo com os órgãos e as instituições de poder que, de facto, conseguem fazer alguma coisa para melhorar a acessibilidade entre estes dois polos. Naturalmente, nós propomos, neste momento, a existência de um passe intermodal que una, pelo menos, o quadrilátero urbano da região. E depois também a melhoria dos serviços de forma geral. Seja do aumento das linhas ou do aumento dos horários. Isto é o que é preciso fazer. É fazer pressão também nestes órgãos de poder local, nas instituições de transporte públicas para que possam fazer os seus serviços corresponderem às necessidades dos estudantes. Mais a curto prazo, aquilo que cabe também à Associação Académica fazer, que é o que tem feito, e nós valorizamos o trabalho que fizeram nesse sentido, é, essencialmente, resolver o problema com os meios que têm. Se existe a possibilidade de assegurar um transporte direto entre os dois campi. Porque na nossa opinião, o prejuízo que se coloca é mínimo dada a prioridade e a necessidade que este transporte faz aos estudantes, então ele tem de continuar a ser assegurado. Nós sabemos que, independentemente da existência de um passe sub 23, este transporte continua a ser necessário para cobrir as insuficiências que se colocam a todos os transportes públicos e é muito útil para grandes massas de estudantes. Portanto, nós vemos com profunda insatisfação essa ameaça. Sabemos que é uma questão em jogo nestas eleições. Daqui, destas eleições, sairá uma resposta final acerca desse tema. Da nossa parte, nós estamos cá para continuar a defender a essência do transporte.

 

ComUM – A transparência dos documentos da AAUMinho tem sido alvo de críticas, como pretendem resolver isto?

Vitória Carvalho – Eu acho que nós já estamos a trabalhar para isso até na própria campanha. O nosso programa está disponibilizado, para começar, para ser completamente transparente. Aquilo a que nos propomos está ao acesso de todos os estudantes. Concretamente, quanto à própria atividade da Associação Académica, isto acabou por ser um assunto no debato. Acho que vale a pena reforçar, ainda assim, passa primeiro pela atividade do site, que neste momento está em baixo. Eu sou estudante de primeiro ano e não tive a oportunidade de ver, uma única vez, aquele site de pé, a funcionar. Acho que isso, para além de contribuir para o afastamento da Associação Académica dos estudantes, porque não promove a divulgação da sua atividade, acaba, naturalmente, por não permitir a transparência. Os estudantes nunca sabem bem o que é que a associação académica faz. Ela é muito fechada, lá está, dentro dos próprios meios institucionais. Há quase uma cortina que separa aquele que é o trabalho dos dirigentes e aquela que é a realidade dos estudantes. Aquilo com que nós nos comprometemos é assegurar, partindo do trabalho direto que nós procuramos ter, que tudo o que façamos será transparente nesse sentido. Também acho que faz sentido ressalvar, quanto às RGA’s, destacar a nossa insatisfação com o incumprimento dos estatutos nas últimas RGA’s ordinárias, que não cumprem a antecedência que deviam cumprir entre o prazo em que ela é divulgada e o prazo em que ela é marcada. Como um exemplo particular, também seria uma questão que nós precarizamos resolver quase de imediato.