Lançado em 28 de agosto de 2015, Beauty Behind the Madness transformou The Weeknd num ícone global. O álbum ousa mesclar sensualidade e melancolia, trazendo à tona questões como vício, relações destrutivas e a solidão que acompanha a fama. Com esta combinação, Abel Tesfaye constrói uma narrativa intrigante sobre os altos e baixos da fama, equilibrando batidas cativantes com letras intensamente introspetivas.

The Weeknd's 'Hurry Up Tomorrow' Album Cover, Preorder Are Here

Billboard

Apresentando vocalistas populares como Ed Sheeran e Lana Del Rey, e sendo parcialmente produzido pelo grande Kanye West, Tesfaye estruturou o disco — ou pelo menos o começo dele — como uma história de amadurecimento, sendo as suas primeiras faixas as mais reveladoras. A primeira metade do álbum parece uma admissão ao próprio passado, começando com “Real Life” onde estabelece a posição um tanto sombria de Tesfaye sobre o romance (“Ouvi dizer que o amor é um risco que vale a pena correr / Não saberia, nunca fui esse rapaz”);

O conceito de Beauty Behind the Madness é sustentado pela constante busca por equilíbrio entre o desejo por reconhecimento e as consequências que a fama traz. Em faixas como “Tell Your Friends”, produzida por Kanye West, The Weeknd aborda a transformação da sua vida, desde os seus tempos mais obscuros até o sucesso mundial. A produção da faixa, que mistura batidas clássicas de hip-hop com melodias melancólicas, reforça essa narrativa de dualidade.

Já em “The Hills”, Tesfaye mergulha na dualidade entre o público e o privado, expondo a desconexão entre o que se projeta para o mundo e o que se sente internamente. A produção minimalista e os vocais quase desesperados reforçam a carga emocional da faixa, criando um dos momentos mais autênticos do álbum.

A beleza começa a se desfazer na segunda metade, quando Tesfaye aumenta o sentimentalismo. A faixaEarned It” ganhou destaque por fazer parte da trilha sonora do filme Cinquenta Tons de Cinza (2015), tendo um toque mais clássico, com arranjos de cordas e uma produção que evoca o soul dos anos 60, destacando a versatilidade de The Weeknd. Esta mistura de estilos torna o álbum acessível, sem comprometer a profundidade das mensagens. “Earned It” contrasta com faixas mais densas como “Shameless”, onde a vulnerabilidade do artista é ainda mais evidente. Nesta faixa, acompanhada por um instrumental simples, The Weeknd reflete sobre a culpa e o arrependimento, reforçando o tom confessional do álbum.

Vocalmente, Tesfaye está no seu auge, transitando entre falsetes delicados e tons graves com facilidade, adicionando uma carga emocional que eleva as músicas.  A sua voz é, sem dúvida, um dos elementos mais marcantes do álbum, ajudando a transmitir o peso emocional das letras.

Comparado aos álbuns posteriores, como Trilogy e Kissland, Beauty Behind the Madness representa um marco de transição. É o ponto em que The Weeknd deixa de ser um artista underground para se tornar um nome consolidado no mainstream, sem comprometer a sua autenticidade artística. O álbum prova que é possível criar música pop com profundidade e conteúdo, oferecendo um equilíbrio entre sucesso comercial e expressão pessoal.

Em resumo, Beauty Behind the Madness é uma obra que desafia o ouvinte a olhar além das aparências, sendo um álbum que permanece relevante e que solidificou a posição de The Weeknd como um dos artistas mais influentes da música contemporânea.