Lançado a 14 de fevereiro de 2023, Desire, I Want To Turn Into You é uma experiência auditiva que desafia o comum. Caroline Polachek continua a consolidar o seu estatuto como uma das mais singulares da música moderna. Após o impacto do aclamado Pang (2019), Polachek eleva ainda mais a fasquia com um álbum que combina art pop, synthpop e new-age de forma encantadora.

Aidan Zamiri

A carreira de Polachek é marcada por uma evolução constante. Desde os seus dias como vocalista dos Chairlift até à sua transição para uma carreira solo, a artista sempre demonstrou uma vontade de inquietar as expectativas. Desire, I Want To Turn Into You é o resultado dessa abordagem: uma perspetiva inovadora que desafia limites, tanto sonoros quanto emocionais. Para além de ter escrito e produzido a maior parte do disco, a artista explora influências que vão desde a música flamenca até à eletrónica experimental. Abraça, também, a ousadia de elementos improváveis, como as gaitas de foles.

A receção crítica não deixou margem para dúvidas: este álbum é uma obra-prima. Com uma pontuação impressionante de 95/100 no Metacritic e o título de Best New Music pela Pitchfork, Polachek viu o seu trabalho comparado ao de lendas como Kate Bush e Björk. Apesar de não ter vencido,  foi nomeado na categoria Best Engineered Album, Non-Classical, nos Grammys. Para muitos, esta obra não é apenas um marco na sua carreira: é uma redefinição do que é possível dentro do pop alternativo.

As letras de Desire, I Want To Turn Into You exploram temas que vão desde a desilusão ao desejo, da mudança à introspeção, sempre com uma abordagem poética e ousada. Em faixas como “Sunset”, Polachek fala sobre a procura por algo genuíno num meio de distrações e falsas promessas do mundo. Em “Butterfly Net” utiliza-se a metáfora de uma rede de borboletas para refletir sobre a impossibilidade de capturar memórias ou sentimentos breves.

O ritmo e a melodia não apenas sustentam as faixas. A produção eleva as canções, traduzindo as emoções da artista., mas também as elevam, traduzindo as emoções que se encontram por trás das mesmas. Um grande exemplo é “Welcome To My Island”, que abre o álbum com uma energia frenética e quase cinematográfica. A batida, constante e pulsante, cria a base perfeita para os vocais intensos de Polachek. Já emBunny Is a Rider, o groove minimalista e hipnótico conduz a faixa, reforçando a sensação de mistério e intangibilidade que a letra aborda. Esses elementos musicais elevam as composições e traduzem com precisão o conceito do álbum.

Desire, I Want To Turn Into You não é apenas um álbum, é uma experiência. Com uma produção inovadora, letras profundas e uma performance vocal excecional, Caroline Polachek prova que o pop pode ser ao mesmo tempo emocionalmente impactante e tecnicamente brilhante. Desafia, emociona e inspira, estabelecendo um novo padrão para o género.