O Dia Internacional da Educação pretende valorizar a área e relembrar o seu impacto.

O Dia Internacional da Educação, celebrado a 24 de janeiro, representa um momento de reflexão sobre a importância do ensino como base para o progresso social e individual.  Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) a 3 de dezembro de 2018, este dia tem como objetivo sensibilizar a sociedade para a necessidade de garantir uma educação inclusiva e de qualidade para todos.

Atualmente, a educação tem sido frequentemente desvalorizada, tanto em Portugal como em muitos outros países. Para compreender melhor esta realidade, o ComUM conversou com Maria Dias, estudante do primeiro ano da Licenciatura em Educação, onde a mesma partilha a sua visão sobre a importância do setor e os desafios que enfrenta como futura profissional.

Ao lhe ser questionado sobre a importância da área, Maria afirma que “a educação é a chave para a transformação da sociedade” e sem ela, não há progresso nem justiça social. Contudo, a estudante admite que o reconhecimento da área está longe de ser o ideal. “É frustrante ver que, apesar da sua importância, o setor da educação continua a ser desvalorizado e desconsiderado em termos de investimento, renumeração e reconhecimento social”, destaca a jovem.

Além disso, a estudante sublinha que a desvalorização do setor se reflete nas condições dos profissionais, que vivem à base de salários baixos, instabilidade laboral e falta de recursos. “Os professores e educadores são essenciais, tanto para o desenvolvimento individual como coletivo, contudo, são frequentemente desrespeitados e subestimados. Muitos acabam por abandonar a profissão devido às condições precárias”, lamenta.

Maria Dias, ao longo da conversa com o ComUM, destaca ocorrências relacionadas com o setor. Desde professores a serem enviados para longe sem condições para arrendar casas, como falta de apoios para deslocações, o desgaste emocional provocado pela instabilidade profissional e a sobrecarga de trabalho sem a devida compensação. A precariedade das condições tem levado muitos docentes a reconsiderar a permanência na área, agravando a escassez de professores e comprometendo a qualidade do ensino.

A estudante aponta ainda que este problema não é exclusivo a Portugal. Destaca a forma como o ensino é tratado como uma prioridade em discursos políticos, contudo continua a existir escolas sem materiais básicos, professores mal pagos e estudantes com dificuldades extremas para aceder à educação. Além da falta de valorização profissional, Maria Dias aponta para a necessidade de modernizar o ensino, investindo em inovação e tecnologia.

Em 2025, o tema do Dia Internacional da Educação será “IA e educação: preservar a autonomia humana num mundo de automação”. A escolha destaca o papel do ensino na adaptação ao avanço tecnológico, refletindo sobre os desafios da inteligência artificial na educação e a necessidade de preservar a dimensão humana.

O Dia Internacional da Educação recorda-nos que, sem um compromisso sério com o ensino, o desenvolvimento sustentável e a equidade social tornam-se inalcançáveis. A visão de Maria Dias ilustra como este setor continua a ser ignorado. O progresso depende de um ensino forte, respeitado e acessível a todos, e esse reconhecimento é uma luta que não pode ser adiada.