Desde há alguns anos para cá é notório que o futebol passou a ter como prioridade o interesse financeiro, com o povo que acompanha diariamente o seu clube a perder importância no momento das decisões. O aumento dos preços dos bilhetes, os horários dos jogos e as repressões feitas aos adeptos são alguns dos diversos fatores que ajudaram a “expulsar” o público das bancadas.
A Taça da Liga, quando surgiu em 2007, tinha a premissa de dar mais oportunidades a clubes “pequenos” de vencer um troféu relevante a nível nacional. Essa premissa foi concretizada logo no seu ano de estreia, com a taça a ser conquistada pelo Vitória de Setúbal.
Contudo, nas últimas sete edições, a Taça da Liga tem rodado pelos “quatro do costume”. Esta falta de diversidade de vencedores é facilmente explicada pelo facto dos “Três Grandes”, mais o SC Braga, nunca se enfrentarem até à “Final Four”, o que diminui drasticamente as chances de outro clube chegar longe na prova.
Nesta época, a Taça da Liga sofreu mudanças no seu formato, deixando de existir fases de grupo e pré-eliminatórias. A competição está agora reservada apenas a oito clubes, sendo eles os seis primeiros classificados da Primeira Liga e os dois primeiros classificados da Liga Portugal 2, da temporada anterior.
Este novo formato é condenável por vários motivos. Os quatro primeiros classificados continuam a defrontar-se apenas na final four, e ainda restringe ou até elimina as chances de clubes mais “pequenos” vencerem a competição. Temos o exemplo do GD Estoril Praia, que alcançou a final da Taça da Liga na época passada e que nem vai participar este ano. Um atentado à meritocracia e à igualdade entre as equipas.
Além disso, Pedro Proença, Presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, referiu numa entrevista que, em 2026, a final four da Taça da Liga poderá vir a ser jogada no estrangeiro, por motivos financeiros. Esta prática tem sido adotada por alguns países na Europa, como a Itália e a Espanha, que têm tido os seus jogos da Supertaça na Arábia Saudita.
Essa possível mudança do local das partidas para o outro lado do mundo só demonstra a prioridade do dinheiro a sobrepor-se aos adeptos, que serão impedidos de assistir ao vivo o clube que acompanham desde crianças. Esta proposta de Pedro Proença juntou os adeptos, que criaram um boicote à Taça da Liga, descendo consideravelmente a média de público no estádio, e que vêm alertando para as problemáticas deste novo formato.
Nos próximos dias vai ser decidido o próximo “campeão de inverno”. Nas meias-finais, o SC Braga defronta o SL Benfica, enquanto o Sporting CP encontra o FC Porto. Apenas um deles vai sair vencedor, mas quem fica mais a perder com este novo formato é o desporto-rei.