THE CASTLE NEVER FALLS é o que ocorre quando um nerd sabe fazer música: um álbum dark pop com uma forte essência dramática. O primeiro LP de Chris Grey soube estar ao mesmo nível das expectativas, senão superá-las.
THE CASTLE NEVER FALLS tem o seu próprio universo místico e sombrio. É construída consistência entre as faixas através da repetição de ideias e temas. O cenário principal da narrativa é um castelo, onde uma paixão conturbada se desenvolve. A musa cantada por Chris Grey é comparada a um vampiro que, com as suas mordidas, envenena-o; ela é tida como a personificação do mal. É contada uma “história de amor demoníaca” que se tornou no vício do eu lírico.
O worldbuilding obscuro é apresentado imediatamente na faixa de abertura que dá nome ao projeto. “THE CASTLE“ é um começo fortíssimo graças ao uso arrepiante de um coro e de um órgão no refrão. Já dá para perceber a sonoridade cinematográfica que estará presente em todo o LP. Também é uma boa performance da linda e suave voz de Chris Grey.
O grande hit do disco é “LET THE WORLD BURN”, não só devido à sua popularidade, mas também à clara mestria em composição lírica e edição de som presentes. A canção segue a perspetiva de um vilão que, para poder ter a pessoa que ama a seu lado, deixaria o mundo inteiro arder. O instrumental envolve o ouvinte numa atmosfera pós-apocalíptica. Existe este pormenor- o barulho constante de um relógio- que dá ênfase ao cenário de iminente aproximar do fim do mundo. como se alguém estivesse a contar os minutos finais.
Outra canção que merecia o mesmo reconhecimento que “LET THE WORLD BURN” é “MAKE THE ANGELS CRY”. O tema é mais melancólico que os restantes. Inspirada na dinâmica entre as personagens Katherine Pierce e Stefan Salvatore da série The Vampire Diaries, a faixa fala sobre um amor proibido e tão intenso que assusta os anjos ao ponto de chorarem. O instrumental começa com acordes delicados no piano. Porém, de repente, entram os instrumentos de corda que elevam a música a algo épico.
Uma curiosidade interessante sobre a canção: os vocalizes finais são creditados a Allegra Jordyn, parceira criativa de longa data e namorada de Chris Grey. Portanto, pode-se teorizar que MAKE THE ANGELS CRY também buscou inspiração na realidade.
Chris Grey não tende a seguir a estrutura “clássica” das canções pop. O artista cria músicas sem ponte, preferindo a repetição do refrão ou uma outro instrumental. As primeiras faixas do álbum que seguem esta lógica são relativamente agradáveis de ouvir. Mas, ao longo do álbum, este esquema é excessivamente repetido, fazendo com que certas canções fiquem “chatas”. Para além que há temas como “HAUNTED” ou até mesmo “LET THE WORLD BURN” que parecem incompletos devido à falta da ponte.
O uso quase ininterrupto da mesma estrutura composicional ao longo do LP satura o ouvinte. Até mesmo a história coesa de um amor tóxico torna-se enfadonha. Por um lado, é bom haver esta unidade narrativa; por outro, não ocorre nenhuma evolução na relação para ser necessário tê-la constantemente presente nas canções. Chega-se a um ponto em que as faixas, simplesmente, parecem mais do mesmo.
No entanto, 42 minutos passam a voar neste disco. Sinceramente, mais uma música no alinhamento não estragaria o álbum. THE CASTLE NEVER FALLS é uma boa recomendação para quem goste de narrativas com vampiros ou do Fantasma da Ópera.
Nome: THE CASTLE NEVER FALLS
Artista: Chris Grey
Data de Lançamento: 18 de outubro de 2024
Editora Discográfica: Chris Grey, Rebellion Records