Mia Farrow, nascida a 9 de fevereiro, celebra hoje 80 anos. A atriz americana e ativista é mais conhecida pelo seu papel no filme A Semente do Diabo (1968) e pela sua vida privada. Ao longo da sua carreira foi nomeada para prémios BAFTA e Globos de Ouro várias vezes.

Mia Farrow's Story: On Frank Sinatra, Battling Scandal, and Raising Her  Family | Vanity Fair

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Natural de Los Angeles, Maria de Lourdes Villiers Farrow é a mais velha de sete filhos do casal John Farrow, realizador, e Maureen O’Sullivan, atriz. Apesar do glamour de Hollywood, a sua infância foi difícil. Aos nove anos, contraiu poliomielite e foi mantida em isolamento por três semanas, um período que marcou o fim da sua infância.  Quatro anos depois, perdeu o irmão inesperadamente num acidente de avião. Em 1963, o seu pai faleceu devido a um ataque cardíaco, deixando a família numa situação financeira complicada. A sua primeira aparição no cinema foi num filme do pai, Capitão Paul Jones (1959), num papel pequeno e não creditado. Apenas quando se mudou para Nova Iorque começou a seguir a carreira de modelo e atriz, conseguindo um papel na peça The Importance of Being Earnest (1963).

Nos anos que seguiram, Farrow tentou vários papéis, como o de Liesl Von Trapp no filme Música no Coração (1965), mas conseguiu o seu primeiro papel creditado no filme Revolta em Batasi (1964). No mesmo ano, tornou-se estrela com a novela Peyton Place (1964-1966), onde interpretava Allison MacKenzie. Após dois anos, decidiu abandonar a série quando se casou com Frank Sinatra, com apenas 21 anos.  Em 1968, enquanto trabalhava no filme A Semente do Diabo, divorciou-se de Sinatra. No entanto, ela não deixou isso afetar o seu papel de Rosemary Woodhouse, uma mulher que está convencida que o marido e vizinhos têm planos satânicos para o seu filho. Após o sucesso do filme de Roman Polanski, Farrow estrelou nos filmes Cerimónia Secreta (1968) e John e Mary (1969).

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Em 1971, Farrow casou-se com o compositor André Pelvin, com quem adotou três crianças vietnamitas e teve três filhos biológicos. Durante os oito anos de casamento, a atriz teve papéis mais pequenos, como em O Grande Gatsby (1974), Um Casamento (1978), e Morte no Nilo (1979).

No início dos anos 80, a atriz começou uma relação, amorosa e profissional, com o realizador Woody Allen. Apesar de nunca se terem casado, adotaram duas crianças e tiveram um filho biológico. Durante os dez anos que estiveram juntos, a atriz entrou em 13 produções de Allen, incluindo Uma Comédia Sexual numa Noite de Verão (1982), O Agente da Broadway (1984),  A Rosa Púrpura de Cairo (1985), Ana e as Suas Irmãs (1986) e Maridos e Mulheres (1992). A relação acabou em 1992, após Farrow descobrir o caso de Allen com a sua filha adotiva, Soon-Yi Previn, de 21 anos. Seguiu-se uma batalha dura de custódia e uma investigação sobre alegações de abuso sexual. Depois da atriz ter ganho o caso, Allen e Soon-Yi casaram-se e o ex-casal nunca mais se falou. A relação e alegações foram, mais tarde, exploradas na série documental Allen v. Farrow (2021), que inclui entrevistas e documentos que apoiam as alegações.

Unicef

A partir dos anos 90, Farrow decidiu focar-se mais na família, adotando mais cinco crianças após o seu último divórcio, totalizando 14 filhos. Continuou a trabalhar, tendo aparecido em episódios da série Turnos de Risco (1999-2005) e Vigilante (2022), e nos filme O Ex (2006), Dark Horse (2011) e Artur e a Vingança de Maltazard (2009). Em 1997, lançou a sua autobiografia O Que Fica Pelo Caminho é Para Sempre. Além da carreira de atriz, Farrow tornou-se uma embaixadora da UNICEF em 2000. Ela esteve em várias missões na África, defendendo particularmente a crise em Darfur, tendo até iniciado uma greve de fome de 12 dias em 2009.

Ao longo de oito décadas, Mia Farrow construiu uma carreira multifacetada, marcada por sucessos no cinema e desafios pessoais. A sua resiliência, talento e compaixão fazem dela uma das figuras mais icónicas e complexas de Hollywood.