Capicua, uma das vozes femininas mais marcantes do hip hop tuga, lançou um “cheirinho” para o novo álbum, Um Gelado Antes do Fim do Mundo, a estrear em março. E pelo que “Making Teenage Ana Proud” mostrou, o próximo disco parece promissor.

Foto: Pedro Geraldes

Por enquanto, é um dos melhores raps de 2025. É uma brilhante mistura de uma lírica que relembra a dos hinos de Abril com um flow à old school, algo que somente Capicua poderia fazer. A escrita de Capicua é “fogo”, cada vez mais madura e afiada. O hook fica no ouvido. Quer dizer, a canção toda tem versos memoráveis!

A primeira metade da letra traz um comentário político geral sobre a sociedade portuguesa, com leves contornos feministas. Capicua aproveita ainda para criticar a indústria musical. Queixa-se que já não se faz mais música de intervenção e que os artistas parecem preferir exaltarem a sua superficialidade do que fazer História.

A segunda parte explora mais a fundo as questões de género. Capicua grita que, mesmo com mais direitos do que antes, as mulheres continuam presas a papéis sociais que as limitam. Podem ter um emprego e ganhar o seu próprio dinheiro, mas a maioria continua responsável por todas as tarefas domésticas.

E, é com este e tantos outros discursos de revolta presentes na música de Capicua que a rapper portuense espera fazer a sua “eu” adolescente orgulhosa por tudo que já cumpriu. Enquanto ainda tenta seguir os passos revolucionários de Rita Lee e de outros nomes mencionados na ponte.

A produção de Luís Montenegro trouxe um “som” mais moderno e atual à discografia da rapper, levando a um destaque da canção face ao restante reportório. O beat de Stereossauro acompanha maravilhosamente as rimas de Capicua e eleva a canção à excelência.

Making Teenage Ana Proud é um ótimo single que merecia a distinção de hit. Fez aumentar as expectativas para o próximo álbum. Resta apenas esperar por novos lançamentos de Capicua que estejam igualmente a este nível.