The Last of Us (2023) é uma adaptação do videojogo de mesmo nome lançado em 2013. Após 10 anos do lançamento do primeiro videojogo da franquia, The Last of Us ganha uma fantástica adaptação em formato televisivo, que se destaca entre tantas outras adaptações de jogos de vídeo que fracassaram. Relativamente à sinopse, a narrativa ocorre num mundo em que uma pandemia global provocada por fungos destrói a civilização e Joel assume a responsabilidade de uma menina de 14 anos, Ellie, que pode ser a última esperança da Humanidade.
O showrunner da primeira temporada de The Last of Us é Craig Mazin que escreveu grande parte dos episódios, além de também ser o realizador do primeiro episódio. Outra figura de destaque é Neil Druckmann, um dos diretores do jogo, que também co-escreveu a série e ficou responsável pela realização do segundo episódio. Ambos os realizadores são parte do porquê de esta primeira temporada ser fantástica. Embora existam diferenças entre as duas obras, a adaptação mantém-se fiel ao videojogo. É clara a paixão existente por esta história, o que fica patente na realização destes dois primeiros episódios, dado que a fotografia é de muita excelência, o que ajuda a construir a narrativa. Os restantes realizadores Jeremy Webb, Jasmila Žbanić, Liza Johnson e Ali Abbasi também cumprem de forma muito satisfatória a realização dos seus respetivos episódios, dado que todos extraem o que de melhor conseguem fazer com a realização. No entanto, o realizador Peter Hoar destaca-se dos restantes, dado que a realização do terceiro episódio é fantástica. Através da sua realização, o mesmo consegue ajudar a contar a bonita história de amor entre as personagens Bill e Frank, o que eleva a narrativa, que por si só já é de um grande brilhantismo.
Um dos pontos a destacar da série televisiva é sem dúvida o seu guião, um ponto que já foi destacado anteriormente, dado que a narrativa consegue construir de forma bastante completa a relação de Joel e Ellie, ao mostrar como ambas as personagens, no meio do mundo apocalíptico e marcado por traumas, conseguem desenvolver uma forte relação. Esse é o principal ponto do guião e é cumprido com grande maestria. Por ser uma adaptação para um formato de série televisiva, são adicionados elementos à história que não existem no jogo, o que é algo bastante positivo, uma vez que o guião sabe onde adicionar novos elementos narrativos e onde retirar os mesmos, visto que poderiam não se encaixar neste formato. É assim, um argumento com um claro foco no drama, mas que consegue criar excelentes cenas de ação e de suspense.
Para o desenvolvimento da relação entre Ellie e Joel, sem dúvida que Pedro Pascal e Bella Ramsey muito contribuem, uma vez que conseguem captar na perfeição a essência das suas personagens e a química dos atores em cena é fantástica. Pascal interpreta Joel com toda a revolta que o mesmo sente, uma pessoa que aparentemente é desprovida de qualquer sentimento, no entanto em pequenos detalhes Pascal consegue mostrar o pouco de humanidade que ainda existe dentro de Joel. Ramsey também se destaca, dado que consegue trazer uma Ellie divertida e inocente que se fascina pelas coisas simples do mundo, mas que aos poucos perde essa inocência, tornando-se mais consciente dos horrores que existem nele. Os restantes atores são perfeitamente escolhidos para os seus papéis, mas destaca-se a atuação de Nick Offerman, que inclusive ganhou um Emmy, como Bill, Anna Torv como Tess e Gabriel Luna como Tommy, no entanto todos os restantes atores entregam atuações marcantes.
Outro aspeto que impressiona é a qualidade técnica da série como os cenários, que são exatamente iguais aos existentes no jogo. É importante destacar o facto da produção da série ter construído uma pequena cidade apenas para a gravação do terceiro episódio. O visual dos infetados é outro aspeto impressionante, uma vez que foi usada maquiagem e como tal efeitos práticos, com apenas alguns retoques de efeitos especiais, por isso mesmo que os visuais fazem com que os olhos do espectador brilhem ao mesmo tempo que os aterroriza.
Um último ponto a destacar da série é a sua banda sonora, dado que é praticamente a mesma do primeiro jogo. Gustavo Santaolalla captou a essência do mundo de The Last of Us no videojogo e agora na série volta a captar a mesma essência, já que as faixas conseguem passar toda a emoção necessária para a narrativa e a música tema da série consegue de imediato colocar o espectador no ambiente do programa.
The Last of Us, não só se consagra como uma excelente adaptação de um aclamado videojogo, mas também como uma ótima série tanto a nível do seu guião como de todos os outros aspetos técnicos, algo que fica evidente pelos prémios e nomeações que a mesma recebeu. É sem dúvida uma obra muito completa que conta uma bonita história mesmo que num contexto de um mundo apocalíptico, onde nos faz refletir que mesmo no fim do mundo continua a existir amor e que é isso que nos guia nos momentos mais difíceis. É preciso procurar a luz quando estamos perdidos na escuridão, da mesma forma que Joel fez.
Título Original: The Last Of Us – Season 1
Realização/ Argumento: Craig Mazin e Neil Druckmann
Elenco: Pedro Pascal, Bella Ramsey, Gabriel Luna, Anna Torv e Nick Offerman
Estados Unidos da América
2023