O Dia Mundial da Poesia, celebrado anualmente a 21 de março, pretender destacar o papel da poesia na preservação da identidade e do património cultural dos povos.

O Dia Mundial da Poesia é uma data dedicada à valorização da poesia como forma de expressão artística e cultural. Criado pela UNESCO em 1999, o objetivo deste dia é promover a diversidade linguística e a publicação de obras poéticas, além de destacar o papel da poesia na preservação da identidade e do patrimônio cultural dos povos.

A poesia é uma ferramenta poderosa para expressar emoções e contar histórias. Desde os versos épicos da antiguidade até às composições contemporâneas, os poetas têm sido a voz de gerações, refletindo sonhos, angústias e aspirações humanas. Além de sua relevância cultural, a poesia tem um impacto significativo no bem-estar emocional e psicológico das pessoas. Estudos indicam que a leitura e a escrita poética podem contribuir para a saúde mental, proporcionando momentos de introspeção, conforto e inspiração.

Neste Dia Mundial da Poesia, porque não ficar a conhecer mais sobre o lugar onde grandes obras poéticas são guardadas? A equipa do ComUM teve a oportunidade de falar com um membro a equipa da Biblioteca Lúcio Craveiro, Maria Noronha, que nos contou um bocado mais sobre o dia em questão e a sua importância.

A Biblioteca Lúcio Craveiro celebra o Dia Mundial da Poesia e o mês de março, “mês da poesia”, de uma forma especial, com foco neste estilo literário. Este mês é recheado de exposições de arte que exploram o tema da poesia visual, como outros temas, além de promover encontros de poesia, onde a comunidade tem a oportunidade de participar. Estas atividades ajudam a fortalecer a conexão da comunidade com a arte literária e criam um espaço para a troca de experiências e a valorização da expressão artística local.

Em conversa com o ComUM, Maria Noronha não deixa de destacar a importância que a própria biblioteca tem na divulgação de autores bracarenses. Durante o mês de março, há uma atenção especial a escritores locais, com diversos eventos. Maria Noronha aborda sobre Sebastião Alba, autor bracarense celebrado durante o Dia Mundial da Poesia e o mês de março.

“A poesia sempre foi importante, mesmo que à primeira vista não pareça útil”, afirmou Maria Noronha. Embora à primeira vista pareça não ter uma função prática, a poesia oferece algo muito mais profundo e essencial: a sua beleza e estética. Para Maria, a poesia proporciona uma maneira única de explorar a humanidade, trazendo sensibilidade e moção a um mundo cada vez mais pragmático. “Ela traz sentido aos nossos dias”, afirma Noronha.

Contudo, ao ser questionada sobre a possível desvalorização, Maria afirmou não sentir muito isso. Acredita que, apesar de comercialmente poder não ter tanto sucesso como romances e outros géneros literários, “quem gosta de poesia, vai sempre gostar de poesia”. De igual modo, destacou Luís de Camões, uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental, que até hoje é celebrado, revelando que, afinal, a poesia não é assim tão desvalorizada nem atemporal.

De tal forma, a poesia tem um impacto profundo em momentos de crise, funcionando como uma forma de expressão crucial, especialmente em períodos de instabilidade social e política. Maria Noronha salientou que a poesia sempre teve um papel político, especialmente antes do 25 de abril, quando muitos poetas utilizavam as suas palavras para manifestar o descontentamento, resistência e denunciar injustiças do regime. Como afirmou Noronha, o poeta, sendo um ser humano, reflete em suas obras o que sente em determinado momento, tornando-se, assim, um espelho da sociedade e de si mesmo. Assim, a poesia revela-se não apenas uma forma de arte, mas uma ferramenta de expressão e reflexão diante da adversidade.

Embora se acredite que o surgimento das novas tecnologias tenha interferido negativamente na disseminação da poesia, Maria defende que as plataformas digitais são uma excelente forma de divulgar autores e de fazer as obras chegarem a mais pessoas. Por mais que, às vezes a veracidade seja comprometida, de modo geral, o impacto das novas tecnologias tem sido bastante positivo para a divulgação da poesia.

Ao terminar a conversa com Maria Noronha, a mesma não deixou de destacar autores que merecem ser mais reconhecidos, tanto neste dia como na atualidade. De tal modo, a Biblioteca Lúcio Craveira procura celebrar escritores mais antigos e destacar contemporâneos, com especial atenção a autores bracarenses. Entre os nomes mencionados por Maria estão: Maria Isabel Fidalgo, José Moreira da Silva, Maria Adelina Vieira, entre muitos outros.

Neste Dia Mundial da Poesia, a Biblioteca Lúcio Craveiro continua a ser um ponto de encontro para a celebração da palavra poética, tanto para gerações passadas como futuras. Desta forma, torna-se um espaço vibrante de valorização da literatura local e global.

Artigo redigido por Lia Fortes e Nádia Teixeira