Marca, este ano, 80 anos desde a morte da querida Anne Frank e o fim da Segunda Guerra Mundial. A adolescente alemã tornou-se uma das figuras mais discutidas da História devido à publicação póstuma do seu diário. Este clássico da literatura de guerra descreve a vida da rapariga judia enquanto estava escondida durante a ocupação Nazi da Holanda.
Anne nasceu a 12 de junho de 1929 em Frankfurt, tendo uma irmã mais velha, Margot. Nos primeiros anos devida, a situação na Alemanha não era favorável, estando Adolf Hitler no poder. Devido à ascensão do partido Nazista, e, consequentemente, o aumento do ódio dos judeus, a família decidiu mudar-se para Amsterdão, onde Otto (o pai) fundou uma empresa de comercialização de pectina. Aqui, a família viveu em paz por anos, tendo aprendido a língua, fazendo amigos e estabelecendo-se num bairro judeu.
Em maio de 1940, a Alemanha Nazi invadiu os Países Baixos, após ter invadido a Polónia em setembro de 1939. Com a nova chefia, as perseguições aos judeus pioraram significativamente, sendo até proibidos de frequentar certos estabelecimentos e obrigados a usarem uma estrela de David para serem identificados. Na primavera de 1942, quando Margot recebeu uma notificação para trabalhar fora do país, a família decidiu esconder-se num compartimento secreto no armazém da companhia do pai com quatro outros judeus.
Foi no seu 13º aniversário, pouco antes de viver no Anexo Secreto, que Anne recebeu um diário de presente. No livro, que denomina de Kitty, ela escreve: “Espero poder confiar inteiramente em ti, como jamais confiei em alguém até hoje, e espero que venhas a ser um grande apoio e um grande conforto para mim”.
Durante os dois anos que esteve escondida, Anne escreveu fielmente no seu diário.Incluiu relatos do seu dia-a-dia, os seus sentimentos e pensamentos, histórias curtas e passagens de livros que lia. Escrever ajudava-a a aguentar os dias.
“Espero poder confiar inteiramente em ti, como jamais confiei em alguém até hoje, e espero que venhas a ser um grande apoio e um grande conforto para mim”
A última entrada no diário de Anne Frank foi a 1de agosto de 1944, sendo o esconderijo descoberto três dias depois. Todas as pessoas escondidas, em conjunto com duas pessoas que os ajudavam, foram presas e separadas nos diversos campos de concentração. No inicio, as irmãs e a mãe foram transferidas de Auschwitz para um campo de trabalho para mulheres. No entanto, em novembro de 1944, Anne é transportada juntamente com Margot para o campo de concentração de Bergen-Belsen. Devido às pobres condições, ambas as raparigas morreram de um tifo epidémico em fevereiro ou março de 1945, a data de falecimento ainda incerta até hoje.
Após o fim da guerra, o único sobrevivente do grupo foi Otto, o pai de Anne, que retornou a Amsterdão e descobriu o diário da filha, que apesar das buscas, foi preservado por outros amigos. O diário foi publicado em 1947 sobre o nome Het Achterhuis (O Anexo Secreto), e desde então foi traduzido para mais de 70 línguas e vendeu cerca de 35 milhões de unidades mundialmente.
Vários autores e líderes políticos têm reconhecido o impacto do livro sobre a humanidade, incluindo Nelson Mandela e Eleanor Roosevelt. Em 1960, o esconderijo tornou-se num museu chamado “A Casa de Anne Frank”. O ponto turístico tem mais de 1,2 milhões de visitantes anualmente.
O legado de Anne Frank transcende gerações.Lembra-nos da importância da memória para garantir que as atrocidades do passado jamais sejam esquecidas e repetidas. O seu diário, um testemunho poderoso da crueldade da guerra e da resiliência do espírito humano, continua a inspirar milhões em todo o mundo. Hoje, 80 anos após a sua morte, Anne Frank permanece um símbolo universal de coragem e humanidade.