September 5, dirigido por Tim Fehlbaum, é um thriller e drama histórico que oferece uma nova perspetiva sobre o massacre de Munique durante os Jogos Olímpicos de 1972. Em vez de se focar diretamente nos acontecimentos políticos ou nas operações militares, como visto em filmes como 1972: Munich´s Black September (2022), de Christian Stiefenhofer, ou Munique (2005), de Steven Spielberg.

O filme centra-se nos bastidores da cobertura jornalística, explorando a tensão e dilemas enfrentados pelos profissionais da ABC Sports ao reportarem um atentado terrorista em tempo real. Com uma abordagem envolvente e um elenco sólido, a obra reflete sobre o impacto da transmissão mediática em momentos de crise.

Durante os Jogos Olímpicos de 1972, um grupo terrorista palestiniano, conhecido como Setembro Negro, invade a vila olímpica e faz 11 atletas israelitas reféns. O que começa como uma competição desportiva transforma-se rapidamente num evento de horror acompanhado ao vivo pelo mundo inteiro. O filme segue a equipa de jornalistas desportivos, ABC Sports, que, inesperadamente, se vê obrigada a cobrir um atentado terrorista, enfrentado pressões, dilemas éticos e a responsabilidade de informar sem sensacionalismo. À medida que a crise se desenrola, a narrativa expõe o papel da imprensa e as dificuldades de relatar um atentado ao vivo.

Com uma abordagem fora do comum, September 5 destaca-se ao adotar a ótica dos jornalistas envolvidos na cobertura, permitindo uma reflexão sobre o impacto da mediação nos acontecimentos históricos. Tim Fehlbaum constrói uma narrativa imersiva, alternando entre cenas de tensão crescente e momentos de introspeção, nos quais os personagens lidam com as consequências do que estão a transmitir. O guião equilibra bem a dramatização com elementos documentais, utilizando imagens de arquivo para reforçar a autenticidade da experiência.

A performance do elenco contribui significativamente para a intensidade do filme. Peter Sarsgaard entre uma atuação formidável como Roone Arledge, capturando o nervosismo e a responsabilidade de um líder que precisa de tomar decisões vertiginosa. John Magaro e Ben Chaplin também se destacam, trazendo camadas emocionais às suas personagens, que oscilam entre o compromisso com a verdade e o peso ético do que é possível transmitir.

A cinematografia é outro ponto alto da longa-metragem. A paleta de cores, com tons frios e desgastados, contribui para a sensação de realismo e urgência, enquanto a montagem rápida e fluída reforça a pressão sob a qual os jornalistas trabalham. A banda sonora discreta mas eficaz, complementa a atmosfera carregada sem desviar a atenção do enredo.

No entanto, September 5 não está isento de falhas. Embora a perspetiva jornalística seja interessante, alguns críticos apontam a faltam de desenvolvimento dos personagens, o que pode limitar a conexão emocional do público com a história. Além disso, a ausência de detalhes pessoais sobre os reféns israelitas pode ser vista como uma oportunidade perdida para aprofundar o impacto humano da tragédia.

Ainda assim, Fehlbaum entrega um filme instigante e relevante, que não apenas revisita um momento crucial da história, como também questiona o poder e limitações do jornalismo. O filme deixa o espectador a questionar até que ponto a cobertura mediática molda a memória coletiva. Tornando-se uma obra relevante não só do ponto de vista histórico, mas também ético e social.