A energia transformadora e a inconformidade dos estudantes alimentam, desde sempre, a sua luta por mudanças sociais. Ainda há uma semana, as associações e federações académicas do país não deixaram passar em branco o Dia Nacional do Estudante, assinalando-o através de uma manifestação nas ruas de Lisboa. Não raras vezes, jovens universitários unem-se para reivindicar direitos, questionar injustiças e exigir reformas, seja no que toca ao sistema de ensino e à falta de alojamento, ou no que concerne à cultura.
Na verdade, a cultura desempenha um papel crucial na formação académica e pessoal dos estudantes universitários. A participação em atividades artísticas e culturais serve como um escape criativo e expande horizontes, desenvolvendo o pensamento crítico e o enriquecimento social.
E é importante sublinhar que existem muitos exemplos positivos. A Universidade de Lisboa organiza festivais de cinema, exposições de arte e várias peças no Teatro da Faculdade de Letras. O Teatro Universitário do Porto e o Museu de História Natural e da Ciência dinamizam culturalmente a Universidade do Porto, à semelhança de outros polos universitários, que também desenvolvem este tipo de atividades.
Mas a oferta cultural e a facultação de condições propícias à criação e fruição de cultura continua a ser limitada. Muitas universidades portuguesas enfrentam a escassez de investimento no impulso cultural e a falta de infraestruturas adequadas. Face a esta realidade, os jovens têm reclamado a promoção da cultura no contexto universitário e enaltecido a sua importância.
Para responder a estas reivindicações é fundamental a dinamização de eventos culturais mais diversificados dentro do meio académico e uma maior colaboração entre universidades e instituições culturais nacionais. A par com estas medidas, o reforço do financiamento para grupos culturais estudantis e a criação ou reabilitação dos seus espaços de ensaios é indispensável.
Foi precisamente em prol destes últimos pedidos que, na Récita do Primeiro de Dezembro, os estudantes da Universidade do Minho se juntaram. Os grupos culturais da universidade carecem de apoios suficientes e as suas salas de ensaios encontram-se fortemente degradadas. Os membros destes grupos exaltaram, assim, a importância do seu papel na preservação e valorização das tradições culturais locais e do espírito académico.
Apesar da constante evolução do campo cultural nas universidades portuguesas, há ainda um longo caminho a percorrer na concretização plena da promoção da cultura no ensino superior. Inquestionavelmente, a força reivindicativa da juventude é já um grande passo nessa direção.