A banda portuguesa Nunca Mates o Mandarim lançou, no dia 21 de março, o single “Dominó”. Este é o primeiro tema revelado do álbum Bola de Bilhar, previsto para este ano, onde ocupará a quinta faixa.

Foto por Ana Margarida Calheiros

Apesar da juventude do grupo, a sua identidade sonora está bem definida. Desde o primeiro acorde, reconhece-se de imediato a marca Mandarim. A guitarra abre caminho para uma percussão ritmada que dá corpo à canção e evoca o “do-mi-nó” da música tradicional.

A reinvenção do tema original é feita com naturalidade e criatividade. A banda já demonstrou este talento anteriormente, em Nunca Mates o Mandarim Cantam os Clássicos (2024), um EP onde transformam músicas pimba portuguesas – de Ruth Marlene às Doce – para o seu universo indie rock. Em Dominó, o processo repete-se com frescura: há um jogo constante entre adicionar e retirar instrumentos, mas nunca soa excessivo. Tudo flui com equilíbrio.

O groove é contagiante, e o coro aproxima a faixa ainda mais da sua origem tradicional, sem perder a identidade alternativa. A voz do vocalista eleva ainda mais a experiência – até a ler um manual de instruções soaria bem.

Nas letras, escondem-se camadas densas. Há um retrato possível de violência doméstica, de julgamentos públicos e de libertação. Frases como “foi carrasca e foi juiz, foi notícia de jornal” ou “ela andava bem vestida, pronta para se libertar” sugerem uma narrativa quase cinematográfica. Nunca Mates o Mandarim entregam, com “Dominó”, um retrato sonoro envolvente, onde tradição e inovação se equilibram como peças de um jogo muito bem pensado.