Depois do seu sucesso como integrante das BLACKPINK, JENNIE aventurou-se no seu álbum de estreia, Ruby. Das integrantes do grupo, foi a que mais surpreendeu a nível musical. O álbum conta com colaborações de vários artistas desde FKJ, Dua Lipa, Doechii, Childish Gambino, Dominic Fike e Kali Uchis. O álbum reflete a versatilidade artística de JENNIE e a disposição para explorar novos territórios musicais.
“Like JENNIE” é a segunda música do álbum e serve como uma declaração de independência e autoconfiança. A música mistura letras em inglês e coreano, e esta combinação acaba por criar um jogo de palavras no refrão, onde o nome “Jennie” ganha um duplo sentido em coreano com a expressão “jyaeni” que significa, “é ela?”. A batida envolvente e o refrão cativante tornam a faixa um destaque imediato.
A terceira faixa, “Start a war” mergulha em territórios mais introspetivos, abordando o desejo de querer proteger alguém- seja um companheiro, amigo ou familiar (“But if somebody try to start some/I’m gon’ try for you, I’ll fight for you, go off for you”). A sonoridade suave, combinada com letras confessionais, revela uma faceta mais vulnerável de JENNIE, demonstrando a capacidade de alternar entre diferentes emoções e estilos musicais.
“Handlebars (feat. Dua Lipa)” apresenta-se como a segunda colaboração e um ponto alto desta experiência musical. A faixa utiliza a metáfora de andar de bicicleta para descrever as nuances de se apaixonar, explorando os altos e baixos. As vozes destas grandes artistas complementam-se perfeitamente, o que torna a música um verdadeiro destaque.
O primeiro single do álbum foi “Mantra”, onde JENNIE retoma a temática do empoderamento pessoal. A produção energética e a entrega confiante da artista fazem desta uma faixa que ressoa com aqueles que procuram inspiração para afirmar a sua identidade.
Em “Love Hangover (feat. Dominic Fike)”, é capturado o caos intoxicante de um amor difícil de esquecer. A canção usa a metáfora de uma ressaca para descrever o ciclo repetitivo de terminar um namoro, fazer as pazes e acordar sem nenhuma lembrança depois de uma noite de excessos (“We say it’s over/But I keep fucking with you/And every time I do, I wake up with this love hangover”). A combinação das vozes de JENNIE e Fike, aliadas a uma produção minimalista, cria uma atmosfera melancólica que captura a essência da ressaca emocional pós-romance.
Por fim, “Seoul City” traz-nos um som mais R&B com um toque mais íntimo e sensual, onde JENNIE revela um lado mais cru da sua escrita. A canção funciona como uma ode não só à cidade que a viu crescer, mas também à forma como o amor pode habitar em espaços familiares. Ao entrelaçar memórias de Seul com a presença de alguém especial, a artistaconstrói um paralelo entre a familiaridade da cidade e a intimidade de uma relação. A forma como observa e sente Seul — com ternura, nostalgia e estranheza — espelha o tipo de conexão profunda que desenvolvemos com quem realmente nos conhece.
Ruby é um dos melhores álbuns de estreia de um artista de K-pop. Ao longo das faixas, JENNIE percorre emoções intensas, contrastes sonoros e colaborações inesperadas com uma segurança que surpreende e encanta. Se havia dúvidas sobre a sua identidade para além do fenómeno BLACKPINK, este álbum dissolve-as por completo.
Em Ruby, JENNIE não apenas brilha – ela revela-se. E se o amor, a dor e o renascimento tivessem uma banda sonora, talvez soavam exatamente assim.