Antes que o café arrefeça: De regresso a Tóquio é o segundo volume da série de livros de Toshikazu Kawaguchi. Este leva-nos de volta ao Café Funiculi Funicula, onde o tempo pode ser desafiador, mas o destino nunca está completamente reescrito.

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O conceito continua simples: há uma cadeira, neste café, onde quem nela se senta pode viajar no tempo, desde que cumpra um conjunto de regras – sendo a mais importante regressar antes que o café servido arrefeça. Trata-se de uma premissa interessante, que o autor trata com delicadeza, focando-se na fragilidade das emoções humanas.

“A segunda regra: por mais que tentemos enquanto estivermos no passado, nada mudará no presente.”

Neste livro, somos convidados a mergulhar nas histórias de novas personagens e a reencontrar outras. Há encontros entre pais e filhos, entre melhores amigos e entre amantes. Conhecemos um homem que quer rever o melhor amigo, morto há vinte e dois anos; um filho que não pôde ir ao funeral da mãe; um homem que precisa de reencontrar a rapariga com quem não pôde casar; um detetive que quer dar um presente especial à sua falecida mulher. São narrativas que não prometem grandes reviravoltas ou finais felizes e perfeitos. Talvez esse é o principal ponto da obra: não tenta resolver a dor, apenas reconhecê-la.

A escrita de Kawaguchi mantém-se simples e minimalista, o que, por vezes, pode dar a sensação de uma certa repetição ou previsibilidade. Porém, cada capítulo é uma espécie de sussurro reconfortante, como um café quente num dia frio. A estrutura do livro é sempre fiel à do anterior, proporcionando uma consistência emocional.

O incrível desta série é como o autor aborda o tempo, não como uma linha, mas como uma espiral feita de memórias, arrependimentos, silêncios e palavras por dizer. O tempo é como um espelho onde nos vemos com mais clareza.

De regresso a Tóquio não é apenas uma continuação, mas um amadurecimento. Kawaguchi aprofunda o seu olhar sobre os laços humanos e oferece ao leitor uma sensação agridoce: a de que, embora não consigamos mudar o passado, podemos sempre mudar o modo como nos lembramos dele, e como vivemos a partir dele.

Ainda que este seja o segundo livro da série, pode ser lido de forma independente. Existem algumas personagens recorrentes, mas cada história tem início, meio e fim. O que une os volumes é o tom emocional e o conceito central, não necessariamente uma continuidade narrativa.

Antes que o café arrefeça: De regresso a Tóquio é uma obra que nos pede para abrandar. Não nos oferece respostas fáceis, mas sim a oportunidade de olhar para dentro. Kawaguchi apresenta-nos um tempo não cronológico, mas emocional.

“Tenho vivido a minha vida sem conseguir contar a verdade por medo de perder a minha própria felicidade”