O outono está finalmente a revelar a sua acolhedora paleta de cores e o seu ar fresco nos finais de tarde. Para entrar verdadeiramente no espírito da época das bebidas quentes, o ComUM reuniu alguns singles, álbuns, filmes, séries e livros que são referência obrigatória nesta estação.

Música

Casaca – E como com o outono começa a vir o frio, não há música que o possa descrever tão bem quanto Casaca, de Carolina Moreira. A capa do single, em que Carolina surge sentada com uma guitarra por cima das folhas caídas, sugere-o de imediato. A jovem cantora de Santa Maria da Feira canta sobre um simples casaco de malha que, assim como a pessoa amada, a aquece e abriga, como revela o verso inicial “teu casaco tem cheiro de abrigo”. – Joana Gomes

Interior Live Oak – Os tons quentes das folhas, o sabor da canela e dos dióspiros, o chá e as camisolas aconchegantes, tudo o que torna o outono reconfortante, encontra eco na sonoridade de Interior Live Oak, de Cass McCombs. Para além do folk/rock acústico que embala tanto uma caminhada como uma tarde passada a cozinhar, as letras, simultaneamente simples e densas, revelam uma introspeção que se harmoniza com a estação em que as noites se prolongam. –  Ângela Eusébio

Late Autumn  – O clima de outono também se reflete no género K-Pop, com o álbum, Late Autumn, da artista Heize, lançado em outubro de 2019 e composto por seis faixas aconchegantes e melancólicas. O tema de outono é representado perfeitamente nas músicas sentimentais, que refletem sobre ciclos que chegam ao fim, seguidos da esperança de novos começos. A faixa principal Falling Leaves are Beautiful transmite a tristeza de uma deceção amorosa, mas com o otimismo de que tudo tem um propósito, e que ainda há beleza no fim dos ciclos. As canções DAUM e Being Freezed  apresentam ritmos mais animados sem perder a essência, enquanto Late Autumn e Diary são melódicas e profundas, com vocais suaves que complementam as letras emotivas. – Eduarda Vilela

There It Goes – Maisie Peters criou, em 2023, um pequeno espelho daquilo que é o outono. There It Goes fala-nos sobre o encerramento de um amor que já não fazia sentido. Na letra, a artista britânica menciona cafés, chuva, neve e até mesmo os meses outonais. O verso “I’m doing better, I made it to September” (“Estou melhor, cheguei a setembro”) é um belo exemplo. Também a produção, menos radiante, mas ainda assim aconchegante, leva-nos até à penúltima estação do ano. – Diogo Linhares

Unreal Unearth – O terceiro álbum de Hozier é perfeito para os dias chuvosos do outono onde estamos enrolados no sofá, com um livro e uma vela. A leitura ideal para acompanhar é o Inferno de Dante Alighieri da Divina Comédia.  A obra que serviu de principal inspiração para Hozier, sendo as músicas um guia da viagem aos nove círculos do inferno. A capa do álbum evoca esta estação com os tons terrosos da terra que cobre o artista e a margarida que tem na boca, mostrando a mudança do tempo das flores para as folhas. Alguns destaques do álbum incluem: Francesca, que explora temas de amor e compromisso com referências à história trágica de Francesca de Rimini; Eat Your Young, que apesar da batida forte tem letras políticas que remetem à ganância corporativa e à guerra capitalista;  To Warn Someone From a Climate (Uiscefhuarithe), uma música sobre perda do calor e a busca por amor; e Abstract (Psychopomp), escrita com as memórias de uma sphinx, como assistir um animal a ser atropelado e a lembrança de estar apaixonado. – Maria Ribeiro

Where’d all the time go? – Já com o último raio de sol à vista, Where’d all the time go? é a música perfeita para dar início ao outono e dizer adeus ao verão. Com a sua melodia arrastada e doce, a obra de Dr. Dog remete-nos para fins de tarde mais pequenos e frios, preenchidos de laranja e castanho. Assim como o título e a letra indicam, a canção transmite a sensação de que o tempo está a passar demasiado rápido e de como queriam voltar atrás, tal como o verão. – Ana Ribeiro

Cinema e TV 

Badlands  – Outono é sinónimo de recomeço e nada traduz melhor esta estação do que a inevitabilidade das mudanças da vida. É exatamente o que acontece à jovem Holly Sargis (Sissy Spacek) no drama neo-noir, Badlands, quando conhece o rebelde sem causa Kit (Martin Sheen). Os dois embarcam numa viagem pelas terras áridas da Dakota do Sul, envolvendo-se numa relação proibida que resulta numa matança sem misericórdia. Numa linha ténue entre o amor e a obsessão, a relação dos protagonistas pinta a longa-metragem com uma aura melancólica que relembra o sol a ceder lugar às nuvens de outono. A paleta de cores focada nos castanhos e laranjas, representa visualmente o sentimento de desgraça iminente que percorre o casal ao longo do filme. Assim, torna-se perfeito para entrar na onda retrospetiva e envolvente desta estação. – Eva Correia

Fantastic Mr. Fox – Um clássico da stop motion, Fantastic Mr. Fox é um filme acolhedor e simples, mas que representa perfeitamente o outono. Fala de valores como a família e a coragem, mas sobretudo abraça o facto de todos sermos diferentes. Realçam-se as personagens carismáticas, mas a sua estética detalhada é o que faz brilhar o filme. É uma ótima sugestão para os dias mais frios, pois torna tudo mais reluzente e aconchegante. – Mariana Mingas

Gilmore GirlsA acolhedora cidade de Stars Hollow é o cenário perfeito para dar as boas-vindas ao outono. Todos os elementos característicos da estação podem ser encontrados na série: ruas ladeadas por grandes árvores, cafés acolhedores e festivais que remetem para o espírito outonal. Em Gilmore Girls, acompanhamos a dinâmica diária de mãe e filha, Lorelai e Rory, enquanto conhecemos um ambiente perfeito que combina, de forma única, com os tons quentes e a melancolia reconfortante do outono. Os diálogos rápidos e inteligentes mantêm o interesse constante, tornando a série numa excelente companhia para os finais de dia mais frios. Com os seus visuais encantadores e narrativa envolvente, Gilmore Girls é a companhia ideal para celebrar a chegada desta estação. – Bárbara Santos

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban Lançado em 2004, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é o terceiro filme da adaptação dos livros de JK Rowling. É neste filme que Harry descobre a verdade sobre a morte dos seus pais, descobrindo quem os traiu e os entregou a Voldemort. Entre muitas viagens no tempo, Harry e Hermione não só se salvam a si próprios, como também resgatam diversas personagens importantes para o desenrolar da saga. Sendo, para muitos, considerado como um filme de conforto, a própria estética e cores do filme remetem-nos para um tempo outonal. É o filme perfeito para ver quando está um tempo mais fechado, juntamente com os outros filmes da saga. Sem dúvida a melhor estação para viajar para Hogwarts! – Leonor Jesus

Knives Out – Com o outono vem a época dos mistérios, sendo um deles Knives Out. No filme intrigante de Rian Johnson, seguimos o famoso detetive Benoit Blanc a investigar a morte misteriosa do renomado autor Harlan Thrombey. Com a família disfuncional de Thrombey atrás da herança, uma teia de pistas falsas e mentiras são descobertas, tornando o caso mais interessante. Daniel Craig lidera um elenco repleto de estrelas, entre elas Ana de Armas, Chris Evans, Toni Colette, Jaime Lee Curtis, e mais. O cenário do crime é perfeito para esta estação, com a mansão antiga cheia de tons castanhos e o tempo nublado e chuvoso sendo pontos focais na história. As histórias de Benoit Blanc não acabam por aqui havendo duas sequelas, Glass Onion (2022) e Wake Up Dead Man (2025). – Maria Ribeiro

Mona Lisa SmileLançado em 2003, Mona Lisa Smile é um  drama romântico que encanta pela sua paleta de cores outonais e pela atmosfera acolhedora – perfeito para quem gosta de filmes que aquecem o coração. A história acompanha Katherine Watson, uma professora de História da Arte, que vai dar aulas na clássica Wellesley College, uma instituição prestigiada com algumas das jovens mais brilhantes do país. No entanto, a universidade reforça sobretudo um ideal tradicional: preparar as alunas para serem esposas e mães exemplares. Com uma visão diferente, Katherine desafia as convenções e incentiva as estudantes a pensarem por si mesmas, questionando aquilo que realmente desejam para o futuro.  Mona Lisa Smile revela-se uma narrativa inspiradora, que mistura emoção, reflexões sobre o papel da mulher na década de 1950 e o charme visual de uma época que combina perfeitamente com o espírito outonal. – Nádia Teixeira

Over the Garden Wall – Dois irmãos atravessam uma floresta misteriosa a caminho de casa nesta fantasia sombria do Cartoon Network. A narrativa parece decorrer no outono, algo evidente na paleta de cores suaves e escuras escolhida para a animação, que acentua o ambiente melancólico da estação. O cenário outonal estende-se às aventuras assombrosas que os protagonistas vivem, sempre envoltas em mistério. Poesia e música desempenham um papel essencial, conferindo à série um tom retro e envelhecido que intensifica a atmosfera outonal. Trata-se de um conto de fadas profundamente folclórico, marcado por temas de transição e mudança, tal como a queda das folhas. – Ângela Eusébio

Twilight  – O filme Twilight (Crepúsculo), realizado por Catherine Hardwicke e lançado em 2008, é a adaptação cinematográfica do livro repleto de romance e fantasia de Stephanie Meyer. Conta a história da recém-chegada adolescente Bella Swan (Kristen Stewart) à cidade de Forks ,em Washington e da sua história shakespeariana de amor com o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson). Embora o filme não seja criticamente aclamado é o filme de conforto de muitos. A sua estética remete para o outono, através dos seus tons mais escuros e azulados, a constante chuva e a floresta como cenário. Para quem procura um filme reconfortante e acolhedor, diferente do habitual, Twilight é a escolha perfeita para começar a época outonal. – Carolina Rodrigues

Literatura

Em outra vida, talvez?  Com a chegada do outono, um tempo de despedida do verão, o livro Em outra vida, talvez? surge com o mesmo aconchego que um chocolate quente. O romance traz uma atmosfera intimista, levando o leitor a pensar nas escolhas feitas e nas possibilidades que ficaram por viver. Entre encontros e desencontros, a narrativa mostra como cada decisão abre portas para diferentes caminhos, despertando a curiosidade sobre aquilo que poderia ter acontecido “noutra vida”. A protagonista é Hannah, uma jovem de 29 anos que se sente perdida. Depois de uma desilusão amorosa, regressa a Los Angeles, acreditando que com o apoio da sua melhor amiga poderá reencontrar alguma estabilidade. Numa saída com amigos, vê-se diante de uma escolha aparentemente simples, mas que acaba por abrir diferentes caminhos possíveis criando a ideia de vidas paralelas e deixando no ar a pergunta: até que ponto as nossas decisões definem o rumo do que somos e do que poderíamos ter sido? Celina Marrocos

Fourth Wing – O primeiro livro na saga de fantasia de Rebecca Yarros é uma ótima leitura para os dias nublados. Fourth Wing (2023) segue a jornada de Violet Sorrengail que é forçada pela mãe a ir para a escola de guerra Basgiath, onde se irá tornar numa cavaleira de dragões. Apesar de ter treinado a vida toda para ser historiadora, Violet deve superar as missões e competições, enquanto evita ser morta por um dos cavaleiros mais poderosos do quadrante, Xaden Riorson.  O reino de Navarre onde a história se passa é um sítio muito sombrio em constante guerra interna e externa, sendo a maior ameaça os Venin, humanos sobrenaturais. Este é um livro cativante que nos transporta imediatamente para o mundo fantástico dos dragões, sendo também acompanhado por uma história de romance sedutora. Para continuar a saga Empyrean foram lançadas duas sequelas, Iron Flame (2023) e Onyx Storm (2025), com mais para vir. – Maria Ribeiro

Looking for Alaska – A atmosfera introspetiva do coming-of-age Looking for Alaska é o que o torna perfeito para entrar no clima de outono. Marcado por temas como esperança e busca por algo maior, a obra segue Miles “Pudge” Halter, que se muda para o Alabama para fazer o seu 11º ano. Dividida entre o “antes” e “depois” da morte de Alaska (por quem o protagonista inevitavelmente se apaixona), a história explora as emoções e a efemeridade da vida. Assim como Miles navega o luto e a procura de um significado, o clima outonal envolve-nos numa sensação contemplativa perfeita para o acompanharmos na sua jornada emocional. – Eva Correia

O Código Da Vinci  – O outono é sinónimo de regressar às tardes cozy de domingo e de apreciar o começo do tempo frio, e com vontade de maratonar séries. Mas a leitura não fica de parte! Um bom romance com muita aventura, thriller e cheio de história para contar é o melhor para nos acompanhar nesta estação em que o tempo se renova e a rotina também. O Código Da Vinci de Dan Brown acompanha as aventuras de Robert Langdon, e as suas peripécias pela descoberta da história do mundo. Desta vez, o cenário é Paris, e, portanto, a leitura deste bestseller mundial, será rodeada por uma imaginação bem outonal! Um livro que prende a nossa atenção e nos desliga do mundo à nossa volta: um belo exemplo da magia que a literatura possui! Todo o resto encontra-se ao folhear de cada página! – Francisca Rodrigues