A 29 de agosto de 2025, a mais recente prodígio do pop, Sabrina Carpenter, lançou o seu novo disco, intitulado Man’s Best Friend. Apenas um ano após o aclamado Short n’ Sweet (2024), Carpenter surpreende os fãs com 12 novas faixas carregadas de charme e letras lúdicas, contudo algo previsíveis.
Misturando elementos disco–pop, country e até R&B, Man’s Best Friend oferece cativantes batidas que ficam no ouvido. É com a sua veia brincalhona (e até imatura) que Carpenter conquista os fãs, porém alguns dos temas retratados ao longo da obra tornam-se repetitivos.
Foi com “Manchild” que Sabrina Carpenter deu início a esta nova era surpresa. O single aposta numa melodia synth-pop com influências country que descreve um homem imaturo de forma irónica e até algo infantil, em sintonia com o título. Marcado por um pré-refrão falado em tom sarcástico e um refrão particularmente agudo, “Manchild” é um tema que, ao início, não convence, mas devagar se entranha.
Muitas vezes, Man’s Best Friend depende do número de oportunidades que uma faixa recebe individualmente para decifrar o quanto realmente cativa. É o caso de “My Man on Willpower” e “Sugar Talking” que, em última análise, descrevem a confusão da artista ao lidar com um homem contraditório e pretensioso. Numa primeira audição, ambas se diluem no contexto geral da obra, porém, com o tempo, os temas retratados na letra passam a soar familiares e os envolventes refrões conquistam.
Contrariando as anteriores, “When Did You Get Hot?” é um hit instantâneo, destacando-se pela sua batida eletrizante e provocadora, com elementos R&B que relembram os anos 2000. A letra atrevida e o ritmo surpreendente conferem à oitava faixa o papel de pináculo da obra, deixando o ouvinte desejoso por trabalhos semelhantes no futuro de Carpenter.
O típico humor picante da artista aparece no segundo single “Tears”, na sua forma mais crua. O tema discute ações banais de um homem, como ser responsável e tratá-la com respeito, que deixam Carpenter entusiasmada. A batida é divertida e bastante cativante, convencendo a ser ouvida mais que uma vez, como várias outras no disco. Todavia, as brincadeiras líricas sexuais em demasia soam constrangedoras, dificultando que seja desfrutada sem se sentir vontade de revirar os olhos.
Faixas como “Never Getting Laid” e “Goodbye” salientam-se no seu humor ligeiramente mais refinado comparado às demais, no entanto, acontece sonoramente o contrário. Já “We Almost Broke Up Again Last Night” funde perfeitamente humor e intensidade emocional. A faixa descreve uma relação que vive num “vai e vem”, sobre a harmoniosa batida de uma guitarra que prende o ouvinte ao se mesclar com os elegantes vocais da artista.
A nona faixa, “Go Go Juice”, apela a uma audiência mais específica, apoiando-se num som fortemente country e folk pop. Ambas a batida e a letra soam algo tontas, embora encaixem no humor embriagado da música. De qualquer forma, vale destacar a ponte, que, em toda a obra, sobressai com a sua genialidade. Num mar de “Ba-da-da” e frases gramaticalmente incorretas, transmite a essência do tema como se a artista estivesse, de facto, sob a influência.
Sobre um ritmo dance-pop eletrónico, “House Tour” destaca-se como uma das faixas mais divertidas do disco. Prendendo-se ao mesmo tipo de metáforas de teor sexual, a letra dissolve-se na batida alegre que lhe confere um ar quase de fantasia da Barbie.
Man’s Best Friend é um álbum sonoramente estimulante na sua maioria e destaca-se, principalmente, pela produção de Jack Antonoff e os satisfatórios vocais de Sabrina Carpenter. Apesar disso, o constante recurso a referências sexuais torna-se rapidamente cansativo, deixando o ouvinte a esperar outras formas de expressão poética por parte da artista. Carpenter entrega um projeto humoristicamente ambicioso, que mesmo não apelando a todos, revela-se bem-sucedido.
Artista: Sabrina Carpenter
Álbum: Man’s Best Friend
Editora: Island Records
Data de lançamento: 29 de agosto de 2025



