Após 11 anos ao lado das restantes integrantes das Little Mix, JADE é a primeira das quatro a lançar um álbum após o hiatus da banda britânica. O álbum, que conta com 14 músicas, já tinha tido partes suas reveladas ao público, uma vez que foram lançados 7 singles.

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Não existe melhor forma de começar um disco do que com uma música como “Angel Of My Dreams”. O single que apresentou a carreira a solo de JADE ao mundo é uma das melhores de 2024.

“IT girl” mostra um lado mais electropop da cantora. É, talvez, uma das melhores para se dançar em lugares como uma discoteca ou uma festa. “FUFN (Fuck You For Now)” também embarca neste género musical, mas desta vez com alguma profundidade lírica maior. A transição entre a ponte da música e o último refrão é uma autêntica jogada de mestre em termos de produção. Cria um momento de êxtase quase impossível de se ficar indiferente.

De seguida, surge “Plastic Box”, um dos melhores trabalhos de THAT’S SHOWBIZ BABY!. Aqui, a artista explora o synth-pop, criando uma música pop triste. Aborda inseguranças sobre relacionamentos anteriores do seu parceiro atual.  A frescura desta faixa refresca o ouvinte após faixas mais caóticas.

“Midnight Cowboy” é a menos elevada perante o conjunto das restantes músicas. A faixa conta com a narração de Ncuti Gatwa e explora elementos R&B. Ainda assim, parece faltar-lhe algo. O contrário acontece com “Fantasy”, uma música mais positiva e muito bem produzida. Se fecharmos bem os olhos, quase sentimos uma pista de dança onde se desliza e se movimenta ao som da batida, tal como acontece no videoclipe. A letra, atrevida, combina com a atmosfera bem-disposta da obra.

Conhecida como o encontro entre Donna Summer e a banda MGMT, “Unconditional” é dedicada à mãe de JADE que luta, entre outras doenças, contra o lúpus. A sua ideia era criar uma música triste, mas capaz de despertar a dança. O conceito foi concretizado e resultou num material synth-pop com pequenos brilhos rock. É mais uma música dançável, mas com uma letra emocionante “I could fix you so much better than your own prescription” (“Eu poderia curar-te de uma forma melhor do que a tua própria prescrição”) mostra a relação maternal de amor e carinho.

“Self Saboteur” traz leveza mesmo numa letra carregada pelas inseguranças de JADE. A transição que liga o fim da faixa ao início de “Lip Service” é muito bem executada, um dos pontos mais bem conseguidos do álbum. Já a segunda música é divertida e flirty. Ao longo de uma melodia brincalhona, a cantora brinca com a sua voz. Faz o mesmo em “Headache”, que retrata diversos conflitos internos recorrendo a diferentes elementos sonoros.

Se “Angel of My Dreams” tivesse uma irmã na tracklist, seria “Natural at Disaster”. Em certas partes faz mesmo lembrar “Happier Than Ever” (2021) de Billie Eilish. Sentimos a dor da cantora nos seus vocais, no coro que sofre com ela e uma melodia de frustração. Há quem diga que possa ser sobre Jesy Nelson, a polémica ex-integrante das Little Mix. Não sabemos se é verdade, mas caso seja, agradecemos a transformação da raiva em arte. A faixa que se segue, “Glitch”, traz um pop mais experimental e arriscado (ainda assim, bem conseguido).

A penúltima do disco é das mais memoráveis. O sample de “Stop! In The Name Of Love” (1965) das The Supreme é transferido para uma música que conta com o seu refrão cantado pela própria JADE na sua tenra idade. A gravação traz uma aura vibrante a “Before You Break My Heart”. Um pequeno grito de alegria antes da última faixa, “Silent Disco”. Esta é uma balada mais romântica e dreamy.

THAT’S SHOWBIZ BABY! é o diverso universo pop da cabeça de JADE. É notório o amor que a cantora nutre pelo género, explorado de tantas formas e feitios. Um dos aspetos mais engraçados do álbum é esse mesmo: mesmo sendo todas pop, são todas diferentes e cada uma com o seu diferencial. São únicas. Desde os vocais monumentais às batidas mais ou menos agitadas, ouvimos uma JADE sincera, vulnerável e, quando quer, divertida.

A capa do álbum é um bom presságio do que vamos encontrar nele: uma montanha-russa de verdadeiras emoções. Soa como a liberdade criativa a que artista acedeu após sair das amarras da pertença a um grupo, onde a sua perspetiva nem sempre é a eleita.  Assim, a estreia de JADE mostrou o que é showbiz, abrindo as cortinas a uma carreira que tem tudo para brilhar.