The Roses é o mais recente filme de Jay Roach, estreado nos Estados Unidos a 29 de agosto de 2025. Com Benedict Cumberbatch e Olivia Colman nos papéis principais, a longa-metragem parte de uma premissa aparentemente simples: um casamento entre duas pessoas em fases diferentes da vida, cujas expectativas já não coincidem. 

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Logo desde o início, percebe-se que os diálogos são o coração do filme. Brilhantes e afiados, conseguem arrancar risos não só pelo humor em si, mas pelo sarcasmo inteligente que percorre as conversas. Há uma cadência rítmica nas falas que raramente se encontra nas comédias atuais, e isso torna a experiência viva, envolvente e surpreendente até para quem não é fã do género. Mais do que piadas soltas, existe um trabalho de escrita que dá consistência às personagens e credibilidade às situações. 

Esse equilíbrio entre naturalidade e comicidade é um dos maiores trunfos da narrativa. A película retrata o desgaste e as diferenças dentro do casamento com uma leveza rara, sem nunca deixar de ser divertido. A modernidade da obra está justamente em saber encontrar graça no banal, nas pequenas tensões e contradições do quotidiano, sem recorrer a exageros forçados. Há uma sensação de autenticidade que se mantém ao longo da maior parte da história, o que aproxima o espectador das personagens e das suas fragilidades. 

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No que toca ao elenco, não há muito a apontar além de elogios. Todos cumprem o seu papel com solidez, mas é Olivia Colman quem mais se destaca. A atriz domina pela presença magnética em cada cena, equilibrando humor e emoção com uma naturalidade impressionante. É ela quem dá maior densidade ao filme, transformando momentos aparentemente simples em passagens memoráveis, desde os momentos mais cómicos aos mais emotivos. Cumberbatch, por sua vez, tem uma interpretação sólida, ainda que muitas vezes fique ofuscado e na sombra pelo brilho e carisma de Colman. 

O ponto fraco de The Roses está no desfecho. O final, além de parecer deslocado, cai no exagero e chega a roçar o ridículo, o que acaba por enfraquecer parte da experiência construída até então. Essa quebra tonal pode descredibilizar um pouco o conjunto, sobretudo para quem acompanhou a narrativa com entusiasmo até esse momento. Ainda assim, o balanço final é positivo: trata-se de uma comédia fresca, atual e divertida, que mostra como é possível reinventar o género a partir da simplicidade, entregando humor inteligente e interpretações de excelência.