A obra Twisted Love de Ana Huang é um romance cliché que aposta na combinação de desejo e vingança para construir uma narrativa intensa. Esta obra apresenta-nos um amor marcado por segredos, sombras e traumas do passado, mas que, ainda assim, não deixa de soar previsível.

Variety

Ava Chen é uma jovem estudante de fotografia, doce e sonhadora, que sempre viveu protegida pelo irmão e pelos amigos. Quando o irmão decide passar um ano fora, pede a Alex Volkov — o seu melhor amigo e vizinho — que tome conta dela. Alex é um homem de negócios implacável, marcado por um passado sombrio e pela sede de vingança. O que começa como uma relação de proximidade forçada transforma-se numa atração intensa, mas perigosa, onde segredos, obsessões e traumas ameaçam destruir qualquer hipótese de felicidade.

Esta oposição poderia trazer maior dinamismo à relação, mas acaba por reforçar uma dicotomia já muito explorada: a rapariga ingénua e o homem marcado pelo lado sombrio da vida. Entre os dois há uma amizade construída ao longo dos anos, mas que se vê ameaçada quando Alex assume no papel de protetor da jovem.

O relacionamento deles é um constante jogo entre luz e sombra. Ava representa a esperança e a vida; Alex, o perigo e a escuridão. Mas quando se veem obrigados a partilhar mais do que momentos ocasionais, a atração reprimida torna-se impossível de ignorar. O que começa como uma ligação proibida rapidamente se transforma numa paixão intensa, mas também numa luta contra os demónios interiores que Alex insiste em carregar sozinho.

A história entre Ava e Alex desenvolve-se demasiado depressa, sem dar ao leitor aqueles momentos de aproximação gradual, de pequenas conquistas e descobertas, que tornariam mais convincente a ideia de que realmente se estavam a apaixonar. Em vez de um crescimento natural, a narrativa apresenta uma atração quase instantânea, deixando a sensação de que falta substância ao romance.

Essa pressa no desenvolvimento também afeta a credibilidade da ligação emocional. Por vezes, parece que as personagens saltam diretamente para a intensidade da paixão sem antes terem construído bases sólidas de confiança e partilha. No entanto, é impossível não desejar acompanhar o casal para além do epílogo, na esperança de que, entre tantas mentiras, vinganças e traumas, consigam encontrar um final que realmente lhes pertença.

Em suma, Twisted Love é um romance que divide opiniões: por um lado, entrega intensidade, drama e uma paixão intensa; por outro, falha pela previsibilidade, pelo excesso de clichés e pelo desenvolvimento apressado da relação entre Ava e Alex. Embora consiga cativar leitores que procuram uma história carregada de emoção e tensão, acaba por desapontar aqueles que desejam um romance mais consistente, construído passo a passo e com maior profundidade psicológica. É um livro que se lê rapidamente, prende pela curiosidade, mas que dificilmente deixa uma marca duradoura após fechado.

“És a única mulher por quem tenho olhos. Os teus inimigos são os meus inimigos, os teus amigos são os meus amigos, e se quisesses, eu queimaria o mundo por ti.”

“Odiava o quanto a desejava, e odiava que ela não fosse inteligente o suficiente para fugir de mim enquanto ainda tinha oportunidade. Mas, sejamos honestos, já era demasiado tarde. Ela era minha. Só que ela ainda não sabia.”