The Housemaid, publicado em 2022, colocou Freida McFadden no centro das atenções no universo dos thrillers psicológicos. A escritora norte-americana, médica de profissão e especializada em lesões cerebrais, vendeu mais de dois milhões de cópias, mantendo-se até hoje como um nome de destaque entre os fãs deste género.

The Times

 The Housemaid não só se tornou um bestseller que permitiu o seu reconhecimento internacional, como inaugurou uma série, que já conta com uma continuação, The Housemaid’s Secret (2023), e o surgimento de uma adaptação no mundo cinematográfico ainda este ano. De acordo com os leitores, a obra destaca-se pelo seu ritmo acelerado, capítulos certos e pela capacidade de captar a atenção logo nas primeiras páginas.

A narrativa acompanha Millie Calloway, uma jovem ex-presidiária que, sem casa, aceita um emprego como empregada doméstica numa mansão luxuosa dos Winchesters. Rapidamente, aquilo que parecia uma oportunidade perfeita e única transforma-se num pesadelo, à medida que o comportamento da patroa se torna cada vez mais sinistro e opressivo, e os segredos da família começam a emergir.

À medida que se lê o livro, a tensão aumenta progressivamente. A dúvida surge no leitor e, em poucas páginas, emergem diversas emoções: ansiedade, curiosidade e até frustração ao acompanhar a criada numa situação que nem sempre é possível perceber a verdade da mentira. Os capítulos curtos e bem estruturados contribuem para esse efeito, criando uma sensação constante de urgência e suspense. Há um jogo psicológico constante: a patroa instável, o marido aparentemente perfeito e a filha problemática fazem com que o leitor se questione continuamente sobre o que é real e o que é manipulação.

Ao longo da narrativa, McFadden consegue imergir o leitor no ambiente opressivo da mansão, fazendo com que este quase estivesse dentro das paredes da casa Winchester, onde cada ação e cada palavra têm efeitos significativos sobre ele e revelam intenções ocultas. O desenvolvimento psicológico das personagens, principalmente de Millie, gera grande tensão. Mesmo quando algumas ações parecem previsíveis, a forma como a autora trabalha o medo, a insegurança e as pequenas vitórias da protagonista mantém a leitura envolvente. Assim, o livro revela-se um thriller que não depende apenas de grandes reviravoltas, mas também do efeito cumulativo das pequenas descobertas e suspeitas que surgem ao longo da narrativa.

Contudo, apesar de The Housemaid merecer o reconhecimento que obteve, nem tudo é perfeito. As personagens secundárias, como a filha Cecelia e o jardineiro, poderiam ter recebido maior profundidade e mais destaque, o que teria reforçado o impacto emocional da história. Inicialmente, a narrativa gira principalmente em torno da tensão entre Millie e a patroa, Nina, o que, por vezes, torna o ritmo um pouco repetitivo. Esse ênfase na rivalidade direta, embora eficaz para criar suspense, faz com que alguns capítulos iniciais pareçam monótonos antes de surgirem as reviravoltas.

Ainda assim, McFadden compensa essas pequenas falhas com a construção gradual da tensão psicológica e momentos de descoberta que mantêm o leitor interessado. A alternância entre suspeita e medo contribui para que o livro permaneça interessante até ao desfecho, mesmo que certas personagens secundárias pareçam superficiais ou idealizadas demais.

Em suma, The Housemaid é um thriller psicológico eficaz e envolvente, que consegue prender o leitor do início ao fim. Apesar de algumas personagens secundárias terem sido pouco desenvolvidas e o ritmo inicial um pouco repetitivo, a narrativa mantém um suspense constante e proporciona momentos de tensão e raiva genuínos. Para os iniciantes no mundo do thriller é uma ótima leitura devido à sua escrita acessível. É um livro que não é uma obra-prima do género, mas que cumpre de forma sólida o objetivo de entreter e surpreender, o que garante a Freida McFadden um lugar de destaque entre os autores contemporâneos de thrillers.