Dia 2 de outubro às 19h, pessoas de todas as faixas etárias, reuniram-se à frente do chafariz da Praça da República em solidariedade com a Palestina.

A manifestação ocorreu em sequência da interceção, por parte de Israel, em águas internacionais, da flotilha que levava ajuda humanitária a Gaza e da detenção de todos os seus ativistas, entre os quais quatro portugueses — Mariana Mortágua, Sofia Aparício, Miguel Duarte e Diogo Chaves. O encontro decorreu em forma de círculo aberto, com microfone disponível para testemunhos e discursos.

No local encontravam-se pessoas com bandeiras da Palestina, keffiyehs, os lenços típicos do país, e cartazes que liam “Palestina Livre”, “Hoje lá, amanhã aqui”, entre outros. A rodear o microfone havia velas e pinturas com mensagens como “Parar o genocídio” e “Para Gaza”. O ambiente esteve carregado de fortes emoções por parte dos discursantes que exigiam ação do governo português por meio de sanções ao Estado israelita e o fim dos ataques a Gaza.

Xiomara Abdel Rahim/ComUM

“Não é sobre a flotilha, é sobre o que está a acontecer em Gaza e sobre o genocídio e os ataques que já acontecem há mais de 67 anos”, disse “Crow”, um dos membros que organizou a manifestação, ao ComUM. “O que estamos aqui a fazer, para além de pedir que o Estado português traga as pessoas portuguesas de volta, é também pedir que o Estado reconheça o quão impune Israel é”, acrescenta. Entre discursos, gritou-se pela praça “Free free Palestine! From the river to the sea Palestine will be free” (“Palestina livre! Palestina livre! Do rio ao mar Palestina será livre”), “Israel é um estado assassino” e “Viva a luta do povo palestino”.

Um dos manifestantes destacados, o Dr. Alshaarawi Salem, natural de Gaza, perdeu a maior parte da sua família em ataques israelitas e disse à redação: “Vivemos aqui em Portugal, um país muito seguro, que tem tudo. Mas por que é que as pessoas na Europa, em geral, não pensam naqueles que sofrem? Limitam-se a condenar, condenar, condenar. Nós não queremos condenações, queremos ação. Temos de agir contra Israel. É positivo que Portugal e outros países reconheçam o Estado da Palestina, mas há coisas mais importantes do que isso. O nosso apelo é sempre o mesmo: parar o genocídio antes de tudo. Precisamos de parar o genocídio”. Salem também alertou que a UE e os mais de 44 países participantes na flotilha têm o poder de parar o genocídio por meio de pressão política a Israel e aos EUA e que esse é um dos objetivos da manifestação.

Xiomara Abdel Rahim/ComUM

Presente também estava o coletivo de estudantes da Universidade do Minho pela Palestina, que no passado tem pressionado a instituição a posicionar-se em relação à Palestina e a cortar relações empresariais com o Estado de Israel. Atualmente o grupo faz ações de sensibilização e apoio a palestinianos.

A manifestação terminou por volta das 21h com o último interveniente a referir que durante o protesto surgiu a ideia de organizar um boicote em forma de contestação local a Israel. Embora fosse uma proposta no ar, a sugestão refletiu a vontade de alguns participantes em dar continuidade à mobilização.