Prezamos os concursos, os rankings e os prémios. O Homo Hierarchicus, como fala Louis Dumont, propenso a hierarquias, desforra-se do Homo Aequalis, propenso à igualdade. Como chegamos a esta inflexão? Read More
Tive o privilégio de ter conhecido Georges Balandier como professor. Publicou, em 1980, o livro Pouvoir sur Scènes, dedicado às diversas formas de encenação do poder. Read More
Nos meus primeiros tempos de Universidade, um docente não sofria de excesso de solicitação. Havia duas ou três entidades passíveis de lhe pedir iniciativas: o Diretor do Departamento, o Presidente da Escola e, eventualmente, uma ou outra comissão de curso. Quanto ao resto, raridades. Read More
O corpo fala! Toda a gente sabe. Ray Birdwhistell insistiu nesta tecla em 1952 (Introduction to Kinesics). O corpo fala por todo o lado: cotovelos, pele, unhas, pelos, olhos, orifícios e poros. Desde a ponta dos pés até à ponta dos cabelos. Mesmo calado, o corpo consegue ser o nosso maior “banco de símbolos” (Philippe LeBreton). Não existe nicho corporal que não esteja sobreinvestido de sentido. Até fantasias como os humores, alvo, durante séculos, de sangrias medicamente assistidas. Read More
Comam sobre a erva
Despachai-vos
Um dia ou outro
A erva comerá sobre vós
(Jacques Prévert, Fatras, 1966)
Enfrentar a crise e o défice sem recurso a uma política monetária é complicado. Sem hipótese de desvalorização da moeda, adota-se uma alternativa inovadora: produz-se o “equivalente” à desvalorização da moeda, passando o protagonismo do mercado para o Estado. Trata-se, na prática, de um reforço dos poderes governamentais que nem os keynesianos sonhariam. Este cenário presta-se a tentações. Read More
Circula na internet um relatório sobre o primeiro Festival de Vilar de Mouros redigido por um informador da PIDE/DGS. Era então primeiro-ministro Marcelo Caetano. Este festival ficaria reputado como o Woodstock português. O relatório é um documento precioso, pelo conteúdo e pela forma. Da leitura, depreende-se que os participantes no festival eram porcos, estavam famintos e andavam com cio. O autor, um “elemento informativo”, insiste nestas três teclas. Read More
Sexta passada, 27, corria pelas ruas um buzinão danado. Celebração desportiva? Excesso da praxe universitária? Casamento de meia-noite? Não! Eram, em vésperas de eleições, as caravanas políticas, ajuntamento cuja aritmética me escapa: em fila sonora, parecem mais, logo são mais; se forem muitos, ainda mais serão… Qual é a fé que sustenta esta extravagante procissão motorizada? Congregar as hostes e chamar os indecisos? Jogar a última carta? A convicção de que ganha quem mais berra? Será um ritual premonitório do resultado eleitoral? Um ritual antecipatório em que armar, hoje, músculo garante, por magia, força amanhã? Uma simulação de vitória para atrair quem gosta de acertar no vencedor? Uma pulsão tribal na era da técnica? Seja qual for a razão, não deixa de ser comovedor ver tanto português a carburar tanto combustível. Read More